O orçamento era limitado, mas Aldo fez questão de comprar o uniforme do Internacional para um dos filhos. Quando a esposa Lucila questionou, respondeu: "Ele vai ser criança só uma vez".
A paixão —"não era apaixonado, era fanático", diz a mulher— pelo colorado de Porto Alegre foi herdada da mãe, professora no centro do RS. O pai, agricultor, era gremista. Dos 12 filhos desse casal, seis eram meninos e seis eram meninas. Elas seguiram o time do pai e, os meninos, o da mãe.
Descendente de italianos, Aldo chegava a ser caricatural. Encarnava o tipão italiano perfeito: falava gritando, agitando os braços, era carismático e sempre tinha uma piada para alegrar o ambiente.
Era também um resmungão. "Porco Dio", reclamava contrariado. No grupo de música folclórica italiana em que cantava clássicos como "América (Merica Merica)", repreendia quem errasse. "Eu gosto de tudo certo. Me deixa falar, assim eu ponho para fora."
Estabelecido em Lajeado depois de rodar pelas cidades do Centro Oriental gaúcho, gostava de ir a Porto Alegre para os jogos do Inter. Saiu de Nova Bréscia em 1969 para a inauguração do estádio, e esteve lá também em sua reinauguração, em 2014. No dia 27, foi para o jogo do seu Colorado contra o Corinthians.
A partida caminhava para um empate quando Aldo deixou o estádio --estava de carona e queriam evitar aglomerações. Na saída, ouviu a torcida explodir em euforia. Era o gol da vitória, nos acréscimos. Comemorou e, ao se acalmar, passou mal. Morreu no estádio que tanto amou, aos 73.
Sua cerimônia de adeus foi a do "italianão" que era, com "América" cantada ao som de gaita e brinde com vinho. Deixa a mulher Lucila, os filhos Mateus e Guilherme —"nossa riqueza são nossos filhos", dizia— , 11 irmãos, e sobrinhos.
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