A Biblioteca Parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo, é uma das cinco finalistas do prêmio de melhor biblioteca pública da IFLA (Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias), a mais importante entidade internacional da área.
A candidata brasileira concorre com espaços da Noruega, Holanda, EUA e Cingapura. Este ano, a instituição, que é parceira da Unesco, recebeu 35 candidaturas de 19 países.
Entre os critérios de premiação, estão a interação do equipamento com o entorno, a programação de serviços e atividades, se a biblioteca oferece oportunidades de ensino para a comunidade e se é usada de maneira inovadora para enriquecer a experiência dos frequentadores.
E disso a Biblioteca Parque Villa-Lobos entende. Inaugurada em dezembro de 2014, foi construída na área onde antes funcionava um depósito de lixo a céu aberto. O esforço de revitalização do local deu início ao espaço de leitura gratuito e de livre acesso.
"O centro dessa biblioteca são as pessoas, não o acervo. É um local para trocar cultura, uma praça para dialogar, criar", diz Pierre André Ruprecht, diretor-executivo da SP Leituras, órgão do estado de São Paulo que administra o local.
Não é necessária carteirinha para quem quiser ler os exemplares no local e o acervo fica quase todo à mostra, em prateleiras abertas —no térreo, os livros infantis e infantojuvenis. No segundo e terceiro andares, os títulos para adultos.
Há ainda histórias em quadrinhos, computadores, um acervo de DVDs. E o uso de tablets em atividades de iniciação à leitura, para crianças de seis meses a quatro anos —que deitam, brincam e leem no tatame a disposição no térreo.
O público é diverso e perpassa faixas etárias. O mesmo tatame serve para conversas com autores, aulas de ioga e oficina de smartphone para idosos. São cerca de 900 cursos e oficinas que fazem parte da programação cultural todo ano.
Os leitores ainda podem opinar nas aquisições de materiais. “Um terço do que a gente compra é sugestão dos que frequentam a biblioteca", diz Ruprecht.
A inclusão também foi pensada. Deficientes visuais têm acesso a todos os livros do acervo por meio de um aparelho que lê as páginas e as transforma automaticamente em audiolivros. Além de livros falados (obras que têm as falas interpretadas por atores), os em braile e um virador automático de páginas.
Somente uma sala do prédio mantém a exigência de que as pessoas façam silêncio. A ideia da biblioteca da capital paulista é ter o mínimo de regras possível.
"Uma biblioteca pública contemporânea e de qualidade é um direito da população. Os gestores muitas vezes têm dificuldade de entender o papel que ela tem de contribuir não só para o acesso à literatura, mas também para a inovação", afirma o diretor da SP Leituras.
A vencedora do prêmio será conhecida na reunião anual da IFLA em 28 de agosto, numa cerimônia em Kuala Lumpur, na Malásia.
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