O jovem esportista Orlando Campos de Souza tinha acabado de assumir a presidência do clube Flamenguinho, na Bahia, nos anos 1950. Num dos primeiros Carnavais, a banda contratada desistiu de se apresentar na tradicional festa do clube. Para evitar o fracasso, ele resolveu fazer seu próprio trio elétrico —que mais tarde o transformaria em um dos pais da famosa estrutura em fevereiro.
Pouco antes, Dodô e Osmar Macedo já haviam idealizado os primeiros trios em Salvador. Mas foi Orlandinho que fez, com apoio de Dodô, o primeiro trio metalizado.
Natural de Piripiri, ele nasceu carnavalesco. A mãe dizia que era agitado desde a gestação. Foi o mais velho entre 11 irmãos e cresceu ajudando o pai numa fazenda.
Do trajeto de trem que fazia para chegar a escola, trouxe a inspiração de metalizar um trio elétrico. "Se dois trilhos podiam suportar o peso de um trem, por que um caminhão não aguentaria um trio com estrutura de metal?", questionou o jovem.
Daí começou a trajetória de mais de 50 anos do trio elétrico Tapajós. Não à toa, seu criador passou a ser conhecido como Orlando Tapajós.
A cada ano o desafio do carnavalesco era fazer um trio novo, que surpreendesse o público. As novas ideias surgiam de formas inusitadas, como a vez em que viu numa revista um modelo de avião, rasgou a página e escondeu no sapato. No ano seguinte, foi às ruas a Caetanave —formato que marcou a história dos trios de Salvador ao homenagear Caetano Veloso na volta do exílio.
Este ano, Tapajós foi homenageado em seu último Carnaval. Morreu no dia 16 de junho, por complicações de um câncer. Deixa sete filhos.
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