Nos EUA, Sean Goldman faz 18 e diz ter rompido com a avó brasileira

Garoto foi personagem central em disputa na Justiça dos dois países

São Paulo

O menino Sean Goldman já não é uma criança. Aos 18, Sean, que na década passada foi figura central de uma disputa judicial entre suas famílias dos EUA e Brasil, já dirige, trabalha e faz faculdade no país em que vive com o pai desde dezembro de 2009.

​Em entrevista à revista Veja, o adolescente falou que rompeu com a avó materna, a brasileira Silvana Bianchi —a mãe, Bruna, morreu durante o imbróglio—​​, e que também não fala com o padrasto. "Ele nunca mais me procurou."​

 

Na época, o caso suscitou até mesmo ameaças de sanções econômicas por parte do governo norte-americano e chegou a ser discutido em encontro entre os então presidentes Barack Obama e Lula.

Sean mora no estado de Nova Jersey, na costa leste dos EUA, com o pai, David Goldman. Fez 18 anos em maio —a maioridade lhe dá o direito de decidir com quem ficar, mas ele não aparenta ter dúvidas—, completou o ensino médio, cursa administração​, dirige um SUV (modelo de carro que mescla robustez com design esportivo) e trabalha em uma marina.

O rapaz diz ter sido vítima de alienação parental por parte da família brasileira. Bruna, a mãe, veio de férias para o Rio com ele, então com 4 anos, e, no Brasil, ligou para David dizendo que estava pedindo o divórcio, o que originou toda a disputa por sua guarda.

O caso teve decisão após mais de cinco anos, em dezembro de 2009, com Gilmar Mendes decidindo pela devolução do garoto ao pai. "Faço terapia desde então", diz Sean.

Um acordo permitia que sua avó Silvana o visitasse até ele completar 16 anos, segundo ela, por apenas uma hora e sempre acompanhada de uma psicóloga  —"não havia possibilidade de intimidade", diz ela a Veja.

Sean afirma que leu entrevista em que ela diz não tê-lo visto desde 2009. "Ela veio mais de dez vezes", conta. "Por essa mentira, decidi romper a relação. Na verdade, adoraria ter contato com ela e com o Brasil, mas minha família não agiu de forma normal."

Há dois meses, a ação de partilha da herança de Bruna se encerrou e cada um dos três herdeiros —​Sean, a irmã Chiara, que ele não vê desde que voltou para os EUA, e o padrasto, João Paulo Lins e Silva— ​​tem direito a R$ 1 milhão.

Ele diz que gostaria de ter contato com ela, mas que o fato de Lins e Silva não tê-lo procurado mais "mostra que não entrou na disputa porque me amava", mas "por orgulho", "para não perder uma briga judicial". O padrasto pertence à família tradicional de advogados.

Sobre a polêmica da administração de Donald Trump sobre separar pais e filhos na fronteira dos EUA com o México, Sean afirma ser contra a separação, mas, "como eles não deveriam vir sem permissão, a regra deveria ser deportar toda a família".


Entenda o caso

SEPARAÇÃO
A brasileira Bruna Bianchi vivia nos Estados Unidos com o marido, David Goldman, desde 1999. Em 2004, com o aval do pai do garoto, Bruna leva o filho Sean ao Brasil de férias, mas não volta

DISPUTA
Desde 2004, a família da brasileira e o pai disputam a guarda de Sean. Bruna, que se casou novamente, morreu no parto de sua filha com o segundo marido, em 2008

PROCESSO
Depois que ordem da Justiça de Nova Jersey para devolução do garoto não foi cumprida, Goldman entra com um processo no Brasil

DECISÃO
Em dezembro de 2009, o então presidente do STF, Gilmar Mendes, determina que Sean volte para os EUA

RETORNO
Em 24 de dezembro de 2009, Sean é entregue ao pai, com quem viaja para os EUA

​​

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.