Noite de prêmios tem homenagens a Marielle Franco e Mano Brown

Advogada que foi algemada no RJ foi ovacionada no Troféu Raça Negra

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Mano Brown chega à Sala São Paulo acompanhado de sua mulher para receber o Troféu Raça Negra
Mano Brown chega à Sala São Paulo acompanhado de sua mulher para receber o Troféu Raça Negra - Marcelo Justo/Folhapress
São Paulo

O rapper e ícone dos Racionais MC’s, Mano Brown, foi o grande homenageado do ano na 16ª edição do Troféu Raça Negra, realizado na Sala São Paulo, no centro da capital paulista, um dia antes do feriado municipal da Consciência Negra (20).

“Tudo que eu tenho vem da raça negra. Nascido do ventre de um pedaço de África, eu procuro honrar a minha parte negra com a minha vida. Obrigado ao povo negro por me fazer ser o que eu sou”, disse Brown.

A cerimônia homenageia pessoas que se destacaram na luta pela igualdade racial no país. Os premiados recebem a estatueta Zumbi dos Palmares, inspirada no líder do Quilombo dos Palmares (AL). O local serviu de resistência para escravos foragidos de engenhos na época do Brasil colônia.

A 16ª edição lembrou da vereadora Marielle Franco (PSOL), morta em um ataque a tiros junto ao seu motorista, Anderson Gomes, em março deste ano, no Rio de Janeiro. O crime, que tirou a vida da líder negra em ascensão, continua sem solução. Os pais e a irmã de Marielle, Anielle Franco, estiveram no evento para receber o troféu em memória da vereadora.

A mãe de Marielle, Marinete Silva, falou sobre a perda da filha. “É uma dor profunda, sentimento de impunidade e falta de democracia”, disse. “Não temos ainda notícia de quem fez e de quem mandou fazer.”

A mãe e a irmã da vereadora Marielle Franco chegam a Sala São Paulo, onde receberam o Troféu Raça Negra
A mãe e a irmã da vereadora Marielle Franco chegam a Sala São Paulo, onde receberam o Troféu Raça Negra - Marcelo Justo/Folhapress

Anielle falou sobre tentativas de intimidação sofridas pela família. “Pessoas têm tentado silenciar esse lado da família, mas eles não vão conseguir. Lugar de mulher negra é onde ela quiser. Eu também não vou ser interrompida e vou honrar o sangue da minha família, porque ancestralidade importa e muito”, disse.

A advogada negra Valéria Lúcia dos Santos, que foi algemada durante uma audiência judicial em Duque de Caxias (RJ), também foi uma das premiadas da noite e foi aplaudida de pé pelo público. “Eu sempre vi esse prêmio pela TV, nunca achei que um pequeno gesto de resistência ia tocar tanta gente neste país.”

Outra personalidade destacada na premiação foi o ex-diretor de Redação da Folha Otavio Frias Filho (1957-2018), morto em agosto passado, vítima de um câncer. O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, foi ao evento para receber o troféu em memória de Otavio. 

Realizada pela ONG Afrobras em parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares, a cerimônia premiou várias personalidades, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, o ex-ministro da Justiça, José Gregori, e a presidente do TRT-2 de São Paulo, Rilma Aparecida Hemetério. 

Na área cultural, a escritora cubana Teresa Cárdenas, os cantores Fafá de Belém, Gaby Amarantos e Reinaldo, conhecido como o Príncipe do Pagode, também foram homenageados, assim como o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a presidente da rede Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, e o senegalês Adama Dieng, assessor especial do secretário-geral da ONU.

Os premiados foram transportados em carros de luxo até a Sala São Paulo. Antes do evento, o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, disse que a novidade deste ano eram os batedores da Polícia Militar, que acompanharam a carreata.

“O ato será muito simbólico porque nós vamos abrir o caminho para a polícia passar. No cotidiano, são os PMs que correm atrás dos negros”, afirmou.

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