Policiais apreenderam na manhã desta terça-feira (19) o adolescente suspeito de ser o terceiro envolvido no massacre em Suzano que matou cinco alunos e duas funcionárias na Escola Estadual Raul Brasil e um empresário.
O jovem de 17 anos foi apreendido em casa e levado ao IML de Suzano. Por volta das 8h40, ao lado da mãe e com o rosto coberto, ele seguiu para o fórum da cidade, onde passou por uma audiência de apresentação.
A juíza Erica Marcelina Cruz, da Vara da Infância e da Juventude, determinou sua internação provisória por 45 dias. De lá, ele seguiu para a Fundação Casa —a instituição não informará a unidade por motivo de segurança.
Durante a investigação policial foram analisados os celulares dele e dos dois atiradores. Mensagens trocadas entre os três mostraram à Justiça indícios concretos da participação do jovem na organização do crime.
Entre os 11 celulares apreendidos no dia do ataque, um pertence ao adolescente suspeito.
Nesta segunda (18), a polícia apresentou ao Ministério Público um novo relatório com os resultados das buscas feitas na casa do adolescente. Entre os itens encontrados estavam desenhos de pessoas mortas, mensagens criptografadas e uma bota militar muito semelhantes às achadas na casa dos dois atiradores.
Os policiais também descobriram que os dois adolescentes treinaram tiros juntos em um local no Tatuapé, e estavam em busca de vídeos para corroborar essa informação.
A Polícia Civil descobriu ainda que o adolescente participou da compra do machado usado nos ataques a alunos e professores.
Outra informação levada ao promotor é a descoberta de um possível roubo praticado pelo adolescente. Um televisor encontrado na casa dele seria produto deste crime cometido este ano.
O delegado titular da delegacia de Suzano, Alexandre Henrique Augusto Dias, disse considerar o adolescente apreendido o autor intelectual do ataque à escola, ao lado de Guilherme, embora ainda não se saiba o que teria provocado a saída dele da efetivação do ataque.
O policial disse ainda que a convicção dele é baseada em testemunhos e, ainda, no material apreendido durante a investigação.
Dias afirmou ainda que a investigação se concentra agora em descobrir a pessoa que forneceu a arma usada no crime.
Na sexta (15), o adolescente de 17 anos chegou a se apresentar ao fórum, mas negou a participação durante uma oitiva com o Ministério Público e foi liberado —a promotoria não encontrou indícios suficientes para apresentar denúncia.
O promotor do caso, Rafael Ribeiro do Val, disse nesta terça-feira (19) que, na semana passada, aguardava mais provas para concordar com a polícia sobre a apreensão do jovem.
O jovem apreendido é ex-aluno da Raul Brasil e estudou na sala de Guilherme Taucci Monteiro, 17, tido pela polícia como líder do ataque a tiros.
O advogado Marcelo Feller, defensor do adolescente apreendido sob suspeita de participação no ataque, disse estar tendo dificuldades para acessar a íntegra das provas contra seu cliente e afirmou que, por isso, protocolou um pedido à Justiça para que isso se resolva.
“Eu estou pedindo para que ela determine que eu tenha o direito a ver absolutamente tudo, com exceção, claro, a eventuais diligências.”
Ainda segundo o defensor, o adolescente nega participação no crime, mas um posicionamento oficial sobre a alegação do cliente será dado quando ele tiver acesso a todo o conteúdo das provas da polícia.
A polícia de Suzano disse que Feller teve acesso a todo o material da investigação na tarde desta terça.
Estacionamento
O dono do estacionamento onde Guilherme Taucci e Luiz Henrique de Castro, 25, guardaram o carro usado no ataque teria informado à polícia sobre a participação de outro adolescente.
O empresário Eder Alves, 36, disse que viu uma terceira pessoa com a dupla duas vezes, entre os dias 21 e 25 de fevereiro.
Alves foi à Delegacia Sede de Suzano na sexta (15) para reconhecer a foto do adolescente. Mas afirmou que não reconheceu a fisionomia da foto mostrada pela polícia, apesar “de o biotipo da imagem ser igual” a do jovem acusado de incitar o massacre.
No estabelecimento, segundo o empresário, há uma câmera de monitoramento na área de atendimento, local onde o terceiro suspeito não chegou a ir. “Mesmo que a polícia quisesse as imagens, não seria possível, pois o sistema mantém as imagens salvas por apenas sete dias”, explicou.
Até o momento, 31 testemunhas foram ouvidas ao longo da investigação. Elas podem prestar novos depoimentos caso seja necessário.
A polícia disse ainda nesta terça que ficou provado pelos exames realizados nos corpos dos autores do massacre que Guilherme matou o comparsa e depois se suicidou.
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