Dono de um dos redutos do samba tradicional do Rio, Alfredo Jacinto Melo, 75, morreu na tarde deste sábado (2).
Alfredinho era dono do Bip Bip, um minúsculo bar de apenas 18 metros quadrados em Copacabana, zona sul da cidade.
Ele morreu em casa, também em Copacabana. Alfredinho se tornou dono do bar em 1984. Ele conhecia o estabelecimento desde a inauguração, ocorrida em 13 de dezembro de 1968, dia da decretação do AI-5.
O atendimento era informal. Ele mandava que as pessoas pegassem as próprias cervejas na geladeira e anotava em um papel.
Sambistas famosos frequentam o local, como Paulinho da Viola, Nelson Sargento, Teresa Cristina e Moacyr Luz.
Por causa do pequeno tamanho do estabelecimento, Alfredinho pedia que os frequentadores estalassem os dedos no lugar da salva de palmas ao final das canções, para não incomodar os vizinhos.
O bar abre toda noite, das 18h à 1h. Nas redes sociais, amigos marcaram um encontro nesta noite no Bip Bip. O bar é frequentado pela esquerda carioca.
Alfredinho era envolvido em projetos sociais. Em 2017, embarcou com um grupo de 15 amigos e músicos para a Rússia. Lá, fizeram dois shows celebrando o centenário da Revolução Russa.
Em março do ano passado, Alfredinho foi levado para a delegacia após uma confusão entre um policial e frequentadores da roda de samba.
Eles faziam uma homenagem à vereadora Marielle Franco, morta dias antes em circunstâncias ainda não esclarecidas.
O policial rodoviário, que não teve o nome revelado, protestou quando Alfredinho fez um discurso sobre a morte de Marielle e convocou os frequentadores para um ato em memória à vereadora.
Meia hora depois, o policial voltou ao local e pediu a prisão dos envolvidos. Alfredinho passou por três delegacias e foi liberado na madrugada.
No dia seguinte, frequentadores e amigos fizeram uma homenagem ao dono do bar.
Em nota, amigos do bar afirmaram que "o gurufim [velório] do querido Alfredinho será realizado na segunda-feira, dia 4, a partir das 8h, no Bip Bip. O enterro será realizado no mesmo dia em horário a confirmar".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.