Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Estátua de Noel Rosa tem peça furtada pela terceira vez no Rio

Mesa que fazia parte da composição do monumento de bronze foi levada

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Rio de Janeiro

A estátua de Noel Rosa —monumento feito de bronze localizado no bairro de Vila Isabel, na  zona norte do Rio— amanheceu depredada no sábado (13), sem o tampão da mesa e o encosto da cadeira, que faziam parte da composição. Esta é a quinta vez que a escultura sofre com furtos ou ações de vandalismo em um período de sete anos, a terceira tendo um pedaço furtado.

Um inquérito foi instaurado no 20º DP, em Vila Isabel, para apurar as circunstâncias do furto. Tanto a Polícia Civil quanto a Secretaria municipal de Conservação e Meio Ambiente não informaram se havia câmeras de segurança próximas que captaram o furto, nem quantos suspeitos participaram da ação. Ainda não há suspeitos.

Ladrões roubam mesa da estátua de Noel Rosa em Vila Isabel - Reprodução /

A secretaria afirma que fará uma licitação para restabelecer o monumento conforme o original e que o orçamento da peça furtada já está sendo levantado, mas ainda não há data certa para que a reposição seja feita.

O órgão diz que, quando há um problema de manutenção, providencia-se o atendimento por meio do contrato de conservação da gerência de Monumentos e Chafarizes, que cuida atualmente de 1.374 monumentos e chafarizes públicos na cidade do Rio.

No entanto, a reposição de peças em bronze, por furto ou vandalismo, não faz parte do contrato anual de manutenção --que tem valor de  R$ 820 mil para reparos elétricos, hidráulicos, pintura e limpeza de chafarizes e monumentos.

“Cada vez que um monumento é furtado (parcial ou integralmente), danificado ou vandalizado, é preciso fazer a elaboração de um projeto com previsão orçamentária independente e outras necessidades para a execução dos reparos, sendo necessária a abertura de licitação para o restauro. Por isso, não há valor estimado do prejuízo com vandalismo de monumentos”, informa a secretaria.

Localizada na Rua Boulevard 28 de Setembro, a principal do bairro, a escultura foi feita em 1996 pelo artista plástico Joás Passos, em homenagem ao sambista, cantor, compositor e poeta de Vila Isabel.
 
Ela retrata uma cena boêmia, em que Noel está sentado em uma mesa de bar, fumando cigarro, tomando cerveja e sendo atendido por um garçom. Ao seu lado, uma cadeira vazia, na qual visitantes podem se sentar para tirar fotos. A composição é uma referência ao samba “Conversa de Botequim”, um dos mais famosos de Noel.

Musa da escola de samba Unidos de Vila Isabel e moradora do bairro há trinta anos, Dandara Oliveira disse à reportagem que se sente abandonada pelo poder público. “Para quem é morador da Vila, isso já era uma tragédia anunciada. A gente vê o entorno, com [os projetos de segurança] Tijuca Presente e Méier Presente, mas aqui na Vila a gente não vê policiamento. Estamos abandonados".

Ela lembra do pouco movimento nas ruas do bairro, de tradição boêmia, após as 23h. A sambista exaltou a importância da estátua de Noel Rosa: “Um dia é mesa, outro a cadeira, e assim vai. Para a gente, que é sambista e morador, a estátua tem um valor histórico”.

A primeira depredação da estátua aconteceu em 2012. Foram furtados a cadeira e um copo que ficava sobre a mesa. Em 2013, as peças foram repostas.

Em 2014 e em 2015 o monumento foi pichado. Em 2015, teve ainda alguns pedaços arrancados: o braço esquerdo e o pé direito de Noel Rosa, além do braço esquerdo do garçom que compõe o conjunto.

Em 2016, a obra chegou a ser removida pela Gerência de Monumentos e Chafarizes para passar por uma restauração completa, que custou R$ 95 mil aos cofres públicos municipais.

Este não é o único caso de um monumento que vira alvo de vandalismo no Rio. Aconteceu o mesmo com a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, no calçadão de Copacabana, zona sul do Rio. Seus óculos já foram roubados diversas vezes. Ao todo, foram pelo menos onze depredações ao monumento desde a sua instalação, em 2002.  

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