Empenhado em conseguir a reeleição de Bruno Covas (PSDB) em 2020, o governador João Doria (PSDB) anunciou pacote de investimento de R$ 550 milhões na Prefeitura de São Paulo. Os recursos concentram-se principalmente nas áreas de infraestrutura, mobilidade e saúde.
O anúncio conjunto de Doria e Covas coincide com um momento em que aliados começam a questionar a força do atual prefeito na corrida eleitoral do ano que vem. Ele poderá ter à frente a concorrência de Márcio França (PSB), Joice Hasselmann (PSL), Tabata Amaral (PDT) e Sâmia Bomfim (PSOL), além de um candidato do PT ainda não definido.
Entre as obras anunciadas nesta quarta estão a duplicação da estrada do M'Boi Mirim, na zona sul da cidade; implantação de unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) 24 horas na região do Hospital das Clínicas; aporte de R$ 60 milhões na gestão dos hospitais de Parelheiros e de Ermelino Matarazzo; ampliação de bolsas de reinserção social e profissional para pacientes do programa Redenção, de tratamento de dependentes químicos; e alinhamento de currículos e ações pedagógicas do município e do estado.
O governador disse que os investimentos não têm relação com a eleição e que se justificam porque a capital tem 30% da população do estado. Ele também aproveitou a entrevista coletiva para dizer que seu único candidato em 2020 é Bruno Covas, sentado ao seu lado.
"É obrigação e dever do governador de São Paulo apoiar e prosseguir nos programas que iniciamos, aliás, antes mesmo de nossa posse", disse Doria. "Não vejo debilidade nem problema na gestão do Bruno Covas. Vejo vitalidade na ação e na conduta da prefeitura. Para que não paire nenhuma dúvida —ainda que os assuntos sejam distintos, gestão é gestão, política é política— o governador do estado que integra o PSDB tem no Bruno Covas o seu candidato a reeleição à prefeitura de São Paulo", disse Doria.
Ele aproveitou para dizer que tem amizade com Joice Hasselmann, mas que seu apoio político será direcionado exclusivamente a seu companheiro de partido.
A duplicação de 4,3 km da estrada do M'Boi Mirim é, segundo Doria, uma reivindicação de quase 80 anos. A estrada tem cerca de 10 km e liga Jardim São Luís e Jardim Ângela, na divisa com o município de Itapecerica da Serra.
A estrada já foi uma das mais perigosas de São Paulo. Em 2016, foi a via que teve mais acidentes fatais em São Paulo. Em 2017, houve redução de 68% do número de acidentes com morte após implantação do programa Via Segura, com mudanças na fiscalização e na sinalização de trânsito.
O governo do estado investirá R$ 220 milhões na obra, que começará em 25 de janeiro, com conclusão prevista para 2022.
Haverá, de acordo com o secretário estadual de Logística e Transportes, João Otaviano, aumento das baias para ultrapassagem dos ônibus, que é um dos principais problemas na área, gerando tráfego intenso nos horários de pico. Cerca de 400 ônibus passam pela estrada por hora nos intervalos de pico.
"Teremos a faixa de ônibus e mais duas faixas em alguns trechos. Depois teremos também uma ciclovia. Teremos uma ampliação de pelo menos mais 50% com a faixa de ônibus segregada, a ciclovia e mais uma segunda faixa para que seja possível a ultrapassagem nas baias", disse Otaviano.
Sobre a unidade de AMA 24 horas, o governo cederá um imóvel no complexo do Hospital das Clínicas para que seja feita a instalação pela prefeitura. A desocupação acontecerá até o final de 2019, e a prefeitura planeja que as atividades sejam iniciadas em janeiro de 2020.
O programa Recomeço, do governo do Estado, duplicará para 600 o número de bolsas de apoio destinadas a pacientes do programa Redenção, para dependentes químicos. Essas bolsas são destinadas àqueles que já estão em fases avançadas de tratamento e que, com elas, têm uma base financeira para retomarem suas trajetórias pessoais e profissionais.
A Prefeitura de São Paulo também será incluída no programa Dose Certa e passará a receber aporte anual de R$ 22,3 milhões para fornecimento de remédios básicos à população.
Na área educacional, Doria e Covas anunciaram esforços para integrar os sistemas de matrículas dos alunos do ensino Fundamental e alinhar ações pedagógicas como avaliação, currículo e formação de profissionais. Nas avaliações, as duas redes pretendem equiparar as escalas do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) e da Prova São Paulo, para assim fazer análises comparativas.
Covas disse que os cofres da Prefeitura de São Paulo têm sofrido com redução de 80% a 90% dos repasses feitos pelo governo federal em relação ao ano passado.
"Não houve nenhuma perseguição a São Paulo, estamos vendo aí as dificuldades do governo federal em controlar as contas e o contingenciamento de recursos, como os do PAC e de programas como o Minha Casa Minha Vida, que foram congelados para todos os municípios, não só para São Paulo", disse.
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