O fascínio do paulistano Anísio Campos por carros começou cedo. Desde criança, já os desenhava com perfeição.
Mais tarde, envolveu-se com o automobilismo. A companheira, a pintora Anna Maria Martins Ferreira, 66, conta que ele conheceu o Autódromo de Interlagos (zona sul) quando o chão era de terra batida.
Entre 1958 e 1972, foi piloto de corridas, ao lado de lendas como Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace, Bird Clemente e outros.
Paralelamente ao mundo do automobilismo, começou a desenhar carros e criou modelos especiais para as ruas. Seus projetos fizeram história na indústria automotiva nacional.
No total, foram cerca de 15 projetos, entre eles o esportivo Carcará, o Puma DKW, a picape Topázio, o primeiro buggy brasileiro, Kadron Tropi, e o Dacon 828, que era o preferido do artista.
Hoje, seu nome é considerado um dos mais importantes do design brasileiro, segundo Ferreira. “Ele era autodidata em desenho, arquitetura e pintura. Tinha mãos de ouro e uma sensibilidade enorme. Encontrava o perfeito no imperfeito”, diz.
Assim como o mundo do automobilismo, Campos era alegre. Prezava a liberdade e gostava dos amigos e de uma boa conversa. Os momentos de introspecção ocorriam quando o trabalho pedia a sua atenção. “Se você quer inspiração, pratique observação” era o seu lema.
Em 2015, sua história foi contada no documentário “Homem-Carro”, dirigido e produzido pela filha, a cineasta Raquel Valadares.
Anísio Campos morreu em São Paulo, dia 14 de setembro, aos 86 anos, de parada cardíaca. Deixa a companheira, três filhos e quatro netos.
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