Cariocas dizem acreditar que a possibilidade de serem vítimas de crimes, como assaltos, é menor hoje do que no início do ano. É o que indica o Índice de Efetividade da Segurança Pública, produzido pelo Datafolha a partir de pesquisa quantitativa com moradores do Rio de Janeiro de 11 a 13 de dezembro.
O índice varia de 0 a 1. Quanto mais alto, melhor (mais efetiva a segurança pública para resolver aquele problema).
Entre todos os crimes, o assalto é o que os cariocas mais temem e acham mais provável de ocorrer. Ainda assim, a percepção acerca da possibilidade de ser roubado melhorou: em janeiro, o índice ficou em 0,37. Em dezembro, 0,54.
O indicador cobre três dimensões: medo de ser vítima de um crime ou ato violento, probabilidade de esse crime ou ato acontecer, e taxa de vitimização nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa.
Em dezembro, o indicador que agrega esses três subíndices teve ligeira melhora, subindo para 0,63, em comparação com 0,60 em janeiro.
O avanço foi puxado pela percepção dos cariocas da probabilidade de os crimes acontecerem. A média desse subíndice subiu para 0,75, de 0,64 em janeiro deste ano. Já o medo de ser vítima de crimes e a taxa de vitimização se mantiveram estáveis.
Ao passo que menos cariocas acreditam poder ser vítimas de crimes, a aprovação da política de segurança cresceu.
Segundo a pesquisa do Datafolha, o percentual de moradores da capital fluminense que consideram a política de segurança ótima ou boa subiu de 3%, em março de 2018, para 15% neste mês. A rejeição ao desempenho do governo estadual na área caiu de 85% para 55% no período.
O consultor de segurança e ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM Paulo Storani afirma que os dados são positivos no momento para o governo de Wilson Witzel (PSC). Ele avalia que o governador, com sua política de enfrentamento à criminalidade, está entregando o que prometeu.
Ainda assim, ressalta que a melhora na avaliação não deve se sustentar, a não ser que o governo apresente medidas de médio e longo prazo.
Storani afirma que o enfrentamento ao crime, chamado por ele de “estratégia de contenção”, com alta letalidade policial, produz a sensação de segurança momentânea na sociedade, que vê que a polícia está agindo.
Se o governo não atuar na causa da criminalidade, porém, Storani especula que tanto a população quanto a polícia ficarão cansadas.
“Isso tem um efeito de curto prazo, como toda ação de contenção. Vai haver um momento em que a população vai ficar desgastada com as mortes que vêm acontecendo. Isso é histórico, [acontece] ao longo de 35 anos que acompanho a segurança pública”, diz.
O ex-capitão do Bope afirma que, para garantir o aumento da aprovação, é necessário intervir no envolvimento de jovens no crime, com políticas sociais e culturais, e investir em infraestrutura, equipamento e inteligência.
Dez variáveis foram analisadas no levantamento do Índice de Efetividade da Segurança Pública: ter a residência invadida ou arrombada; ser roubado, assaltado ou furtado em casa, no transporte ou na escola/trabalho; sofrer sequestro relâmpago; ser vítima de agressão física; ser vítima de agressão sexual; ser vítima de violência por parte das polícias; ser acusado de um crime; ter conteúdos pessoais divulgados na internet; ter parentes envolvidos com drogas; ter filhos presos injustamente.
Ter filhos presos injustamente, ser acusado de um crime, ter parentes envolvidos com drogas e ser vítima de agressão sexual são as situações que os cariocas acham mais difíceis de ocorrer.
A percepção varia conforme o gênero e a cor dos entrevistados.
No caso de agressão sexual, o indicador varia consideravelmente entre homens e mulheres. Para os homens, fica em 0,89. Para as mulheres, em 0,70.
O mesmo ocorre entre pessoas de cor branca ou preta, para as percepções acerca da possibilidade de ser acusado de um crime ou de ter filhos presos injustamente. Para os brancos, o índice para essas variáveis fica em 0,87 e 0,88, respectivamente. Para os negros, ambas têm índice de 0,80.
Em comparação aos brancos, negros têm mais medo e acham mais provável serem vítimas de violência ou de agressão por parte da polícia. Pessoas mais pobres também se sentem mais ameaçadas diante da polícia em comparação aos mais ricos
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