Desde o nascimento do primeiro de seis netos, quarta-feira era um dia de festa no apartamento da empresária Maria Ruth Marques Simões. Ela reunia os netos e as crianças do prédio onde morava para brincarem e dividia-se entre o futebol na quadra com os meninos e a brincadeira de boneca com as meninas.
Maria Ruth dizia que avó tinha que "estragar", mas impunha horário para tomar banho, fazer as refeições e até voltar para suas casas com os pais.
Nascida em São Paulo, aos 5 anos já ajudava o pai na padaria. Cursou magistério e exerceu a profissão de professora até se casar. Após 30 anos, voltou ao mercado de trabalho gerenciando cafeterias. Atualmente, cuidava de oito lojas junto com os filhos.
Determinada, em 2005, enfrentou com otimismo o diagnóstico de câncer no ovário. Na ocasião, o médico disse que sua sobrevida era de dois anos. “Ela o rebateu. Não, doutor, eu tenho mais. Fique tranquilo”, conta o filho, o comerciante Ricardo Francisco Marques Simões, 49.
A partir deste dia, durante 15 anos, Maria Ruth viveu os dias mais intensos de sua vida. Aproveitou os intervalos entre as sessões de quimioterapia para viajar e conhecer outros países.
Saia para passear com as amigas da época do colégio, que mantinha contato por rede social. Dedicou-se ao próximo. Sem dar publicidade, ajudou entidades filantrópicas, pessoas da família, amigos, conhecidos e funcionários. “Faça tudo e não peça nada em troca era o seu lema”, relata Ricardo.
Mesmo doente, aos 71 anos, matriculou-se na academia para fazer musculação.
Aos 73 anos, em uma quarta-feira, a leucemia interrompeu sua vida terrena. Maria Ruth Marques Simões morreu no dia 22 de janeiro. Viúva, deixa três filhos e seis netos.
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