A engenheira Ana Paula Rios fazia no Rio de Janeiro um projeto de chuveiros itinerantes para moradores de rua, o Banho da Alegria, que teve de ser suspenso durante a quarentena porque dependia de muitos voluntários ao mesmo tempo para acontecer.
Em isolamento, via, porém, que as duas grandes recomendações no combate ao novo coronavírus eram “fique em casa e lave as mãos”, conta. “São justamente duas coisas que moradores de rua não podem fazer”, diz ela.
Foi então que se uniu a Aline Pinheiro e desenharam um protótipo de pia móvel para ser instalada em qualquer lugar. Juntaram-se ao projeto, que ganhou o nome de Pia do Bem, Layla Lima, Renata Ciannella, Carolina Lopes, Beta Olivier, responsáveis pela produção das pias. A construção e distribuição de cem pias em 15 dias envolveu cem voluntários, dos quais cerca de 90% eram mulheres.
Uma espécie de caixa vertical de madeira reciclada é equipada com uma pia e torneira, além de acessórios para detergente e papel toalha. Do outro lado, um balde, que tem de ser enchido com água limpa, em média, duas vezes ao dia, a depender do uso.
Hoje, essas pias, bancadas por apoiadores e patrocinadores, estão distribuídas por diversos bairros do Rio de Janeiro, sendo a maior concentração no centro, onde também se concentram os moradores de rua.
Projetos assistenciais, como os que distribuem refeições a moradores de rua, e empresas seguem encomendando as pias móveis do projeto carioca.
O Pia do Bem constrói e coloca no lugar as pias, mas conta, segundo Rios, com a ajuda de moradores e instituições para a manutenção, para encher o balde de água e repor detergente e papel toalha.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro e a Defensoria da União, por exemplo, são parceiras do projeto. Com unidades instaladas em frente a suas sedes, se responsabilizam pela manutenção. Há ainda comércios essenciais, como farmácias, que também ajudam na reposição dos itens.
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