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Doria prorroga quarentena no estado de SP até 31 de maio contra novo coronavírus

Medidas de isolamento estão em vigor desde 24 de março; 3.416 pessoas morreram

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São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), estendeu a quarentena no estado até 31 de maio.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (8), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Desde 24 de março, apenas serviços essenciais estão abertos ao público no estado, como medida para conter o avanço do novo coronavírus. O prazo tem sido postergado várias vezes. Segundo o governo, o período é avaliado de acordo com a velocidade da contaminação no estado. No último anúncio, feito em 17 de abril, foi dito que as medidas valeriam até o próximo domingo (10). Agora, foram adiadas por mais 21 dias.

São Paulo é o epicentro da pandemia no Brasil, com 41.830 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus e 3.416 mortes.

No Rio de Janeiro, estado com 17.741 casos confirmados, o governador Wilson Witzel (PSC) também anunciou nesta sexta a prorrogação da quarentena até o dia 31 deste mês.

Pressionado por setores do mercado para autorizar a retomada da atividade econômica, Doria se defendeu, afirmando que adotar a quarentena "não é uma tarefa fácil, nenhum ser humano tem prazer em dar más notícias", mas disse que a medida é importante para preservar vidas no que chamou de momento mais difícil da história do Brasil nos últimos 100 anos.

"Nenhum país do mundo conseguiu relaxar as medidas de isolamento social com a curva de contaminação em alta. Infelizmente, nas últimas semanas houve um desrespeito à quarentena, em São Paulo e em outras partes do Brasil, e o número de casos aumentou", disse.

Não participou do anúncio o coordenador do comitê de contingência do vírus no estado, David Uip, que já foi contaminado e se recuperou. Ele afirmou que se sentiu mal na última quarta-feira (6), com alterações cardiológicas e clínicas, fez exames e foi orientado por médicos a se afastar temporariamente.

Em seu lugar no comando das ações no estado ficou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.

Segundo ele, para relaxar as medidas de isolamento é preciso de dois indicadores: redução do número de novos casos por 14 dias em sequência e uma taxa de ocupação de leitos de UTI inferior a 60%.

Na Grande SP, a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 89,6%. No estado como um todo, está em 70%.

Doria afirmou, por outro lado, que, se a infecção se acelerar, a capacidade hospitalar se esgotar e a taxa de isolamento não crescer, a quarentena pode, na verdade, ser endurecida, mesmo antes de 31 de maio.

"Não descartamos nenhuma outra medida mais restritiva. Não estamos propondo lockdown, não há esse protocolo iminente, mas ele não está descartado. Nós esperamos que isso não tenha que ser praticado, mas isso vai depender muito de vocês [população]", afirmou o governador.

A taxa de isolamento tem caído nos últimos 15 dias e, por vezes, ficado abaixo dos 50%. Segundo o secretário de Saúde, José Henrique Germann, isso fez acelerar o número de novas contaminações. "Se não conseguirmos uma taxa entre 55% e 60%, teremos problemas no atendimento dos pacientes", afirmou ele, que disse que o estado está ampliando o número de leitos em hospitais, inclusive no Hospital das Clínicas.

Estudos iniciais davam conta de que cada pessoa infectada transmitiria o vírus a mais três pessoas, segundo Dimas Covas. Com as medidas de distanciamento e um índice de isolamento de 55%, a taxa de contágio passou para 1,16, afirmou. Se o índice de isolamento chegasse a 70%, a taxa de contágio seria menor que 1.

O secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, chamou de "equívoco" a ideia de que as medidas de isolamento tem causado crise econômica. "Não é. É o contrário. A crise econômica tem sido causada pela pandemia. Isso parece óbvio", afirmou.

Meirelles disse que as medidas de isolamento, na verdade, aceleram a retomada econômica. "Nós temos que, sim, fazer a extensão da quarentena, da maneira mais rigorosa possível, disciplinada", afirmou.

"É muito importante por uma questão objetiva, econômica. Quanto mais rápida for controlada a evolução dos casos, mais rápido sairemos da crise, mais rápido vamos recuperar os empregos, a renda e arentabilidade e a sobrevivência das empresas", disse o economista.

"Isso é muito importante para não invertemos o problema, porque nós estamos acostumados com crises que tiveram ou raízes financeiras, com 2008, ou raiz fiscal, como 2015. Aqui a razão é a pandemia, nós temos que controlar a razão. Isso falando de economia, sem nem mencionar o aspecto do direito básico do cidadão, que é a vida."

O estado também anunciou um Conselho Municipalista com 16 prefeitos das cidades-sede de regiões administrativas, como Ribeirão Preto e Campinas, além de secretários estaduais, para elaborar e coordenar medidas a serem adotadas em âmbito estadual.

Embora as cidades do interior pressionem para ceder as medidas de conteção, na capital a tendência é de endurecimento. A partir da próxima segunda, começará na cidade um megarrodízio que tirará das ruas metade da frota de SP. Agora, durante o dia todo e em toda a cidade, não apenas mais no centro expandido, metade dos veículos serão proibidos de circular, em todos os dias da semana, inclusive aos sábados e domingos.

Nos dias pares, poderão circular carros com placa de final par. Nos dias ímpares, poderão circular carros com placa de final ímpar. Profissionais de saúde serão excluídos da determinação. Quem já tinha isenção no modelo anterior, como motociclistas, taxistas e pessoas com deficiência, continuarão isentos.

O prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), afirmou nesta sexta que a medida precisou ser tomada dado o desrespeito à quarentena, e que na quinta houve recorde de trânsito, com 52 quilômetros de congestionamento. Os recursos arrecadados com as multas, segundo o prefeito, serão usados em medidas de combate ao novo coronavírus.

O novo rodízio pode ser suspenso, no entanto, se o isolamento da capital passar dos 60%, disse Covas.

Covas disse que recebeu "intimidação de milícias digitais" e "mensagens no Whatsapp indecorosas", mas que não vai recurar se se mantiver a desobediência à quarentena. "Situações extremas, decisões extremas", afirmou.

Desde quinta-feira, é obrigatório o uso de máscaras no estado de São Paulo para evitar a disseminação do novo coronavírus para qualquer um que saia às ruas e dentro de estabelecimentos que continuam abertos e repartições públicas.

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