As palavras eram as melhores amigas de Fernando Py, que as traduzia com enorme propriedade e paixão.
Fernando Antônio Py de Mello e Silva foi, além de tradutor renomado, poeta, crítico literário, redator, colunista e meteorologista. Nasceu no Rio de Janeiro. Formou-se em direito, mas não exerceu a profissão.
Preferiu trabalhar como colaborador em jornais como O Globo, Jornal da Tarde, Estado de Minas e Correio do Povo. Era colunista do jornal Tribuna de Petrópolis desde 1999.
A filha, a artista plástica Regina Mello, 49, conta que para ele a biblioteca era quase um lugar sagrado. “Ali passava horas, entre livros, pesquisas e traduções, e sempre com o fundo musical de sua máquina de escrever.”
A lembrança do espaço de leitura também se perpetua na memória da dançarina Elisa Mello, 32, neta de Fernando. “Está viva em mim a cena cotidiana de meu avô em sua biblioteca. Aquela atmosfera de calma e silêncio era um refúgio para mim e certamente para ele”, afirma Elisa.
Como tradutor, interpretou obras de língua inglesa, espanhola e principalmente francesa. Traduziu a Grande Enciclopédia Delta Larousse e obras da literatura estrangeira como “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas, e “Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust.
O psicanalista Luiz Alberto Py, 80, lembra do irmão mais velho com gratidão. “Era carinhoso e sempre me protegeu. Deixou uma bela lembrança de generosidade e amor”.
Fernando era membro da APL (Academia Petropolitana de Letras) e da ABP (Academia Brasileira de Poesia). Escreveu livros de poesia, crítica e pesquisa como “Aurora de vidro” (1962) e “Bibliografia Comentada de Carlos Drummond de Andrade” (1980).
Fernando Py morreu em 21 de maio, aos 84 anos, de insuficiência respiratória e parada cardíaca. Deixa três filhos e quatro netos.
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