O músico Luiz Machado frequentou escola apenas por três meses. Aprendeu a ler e escrever sozinho.
Nascido em Porangaba (173 km de SP), em família pobre, precisou de coragem para enfrentar as dificuldades. Órfão de pai, foi criado em Sorocaba, cidade a 99 km de SP.
Pelos percalços, era motivo de chacota das pessoas. Os colegas diziam que Luiz não seria nada na vida, mas seu otimismo vencia. Ele acreditava nos objetivos. Segundo o filho, o clarinetista Mário Machado, 46, Luiz jamais dizia “vou tentar”. Preferia “vou fazer”.
Aos 17 anos, mudou-se para a capital paulista com o objetivo de tentar a carreira musical. Conseguiu emprego numa fábrica de papel carbono e moradia em uma pensão na rua Voluntários da Pátria, em Santana, na zona norte.
Foi autodidata no aprendizado do clarinete, do saxofone, como compositor e arranjador. Anos após ter aprendido o ofício, aprimorou o talento em conservatório.
Ridicularizado por ter o sonho maior que a instrução, Luiz começou sua história como músico timidamente, na Rádio Cacique, em Sorocaba.
Com clarinete e saxofone, entrou para os conjuntos regionais e se apresentou nos programas ao vivo da TV e do rádio. Acompanhou cantores famosos como Sílvio Caldas e Orlando Silva. Participou da primeira gravação da música “Ronda”, de Paulo Vanzolini, na voz de Inezita Barroso, em 1953.
“Ele também foi músico exclusivo de Adoniran Barbosa, Dick Farney e Altemar Dutra”, afirma Mário.
A partir de 1965, seguiu a carreira musical com menos holofotes, em bares, restaurantes e eventos.
Aprendeu a tocar piano, instrumento que serviu como cupido na história de amor entre Luiz e a esposa, Diza Cardoso Machado, em 1967. Ela se apaixonou ao ouvi-lo tocar no piano a música “Como é Grande o meu Amor por Você”, de Roberto Carlos.
Bom de prosa, Luiz era um homem sensível e gentil. Gostava de dar atenção às pessoas, principalmente crianças, e da natureza.
Luiz Machado morreu dia 5 de agosto, aos 87 anos, de choque séptico. Viúvo, deixa três filhos.
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