Estou sendo condenada sem nem ter direito a julgamento, diz deputada Flordelis

Em publicação nas redes sociais, parlamentar afirma que não mandou matar o marido

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Rio de Janeiro

A deputada federal Flordelis dos Santos Souza (PSD-RJ), 56, denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como suspeita de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, usou as redes sociais nesta terça-feira (1º) para afirmar que tem sido condenada sem direito à defesa.

Essa foi a primeira publicação da parlamentar desde o início da última semana, quando a Promotoria apresentou a denúncia contra ela. Na ocasião, a Polícia Civil e Ministério Público deram detalhes do caso, como a tentativa da deputada de colocar arsênico na comida do marido para tentar matá-lo.

Na segunda-feira (31), Flordelis havia dado entrevista ao programa “Conexão Repórter”, do SBT, a primeira depois de ter sido denunciada, e afirmara ser inocente.

"Estou vivendo o pior momento da minha vida. Não estou preparada para ser presa, e não vou ser. Porque eu sou inocente, e a minha inocência será provada. Eu não matei, eu não fiz isso de que estão me acusando. Eu não fiz. Não é real, não é verdade. É uma injustiça", disse ela ao programa.

"Fomos a Copacabana, andamos no calçadão, fizemos as brincadeiras, andamos na praia. Depois fomos para o carro, ele pegou uma pista deserta, não sei dizer o local, só se eu for lá, talvez eu consiga, mas não prestei atenção no caminho. Eu sei que ele chegou em um lugar que tinha muitos carros parados, mas não tinha bar, nada disso. Nós paramos ali, namoramos, que era uma coisa normal nossa, na estrada. Me beijou bastante, eu sentei no capô do carro e tivemos relações. Falei 'amor, amanhã a gente vai acordar cedo, né?'. Isso foi por volta de 2h e alguma coisa", disse à reportagem.

Flordelis, uma mulher jovem de cabelos claros e pele escura, ergue a mão direta; ela é vista do peito para cima, de roupa preta, sentada em uma poltrona de couro atrás de uma mesa de madeira no Congresso
Flordelis em sessão do Congresso em junho de 2019 - Michel de Jesus-21.jun.19/Câmara dos Deputados/AFP

Na entrevista que concedeu ao jornalista Roberto Cabrini, Flordelis afirmou que não adotou Anderson quando ele tinha 14 anos. “Mentira. Isso tudo é mentira”, disse a deputada, negando também que Anderson e a sua filha biológica, Simone, que está presa por envolvimento no crime, tenham namorado.

Já a mensagem de Flordelis na internet foi publicada com uma foto que traz uma passagem bíblica. “Muito tem sido dito na mídia, das formas mais cruéis, sem que eu tenha qualquer chance de defesa. Estou sendo condenada sem nem ter direito a julgamento. Eu não tenho o que esconder, eu não mandei matar o meu marido. Se alguém perdeu com a morte dele, fui eu, ele era tudo pra mim, meu companheiro que me ajudava e me guiava, inclusive em todos os aspectos práticos da vida”, escreveu a deputada.

A publicação da deputada ocorreu no mesmo dia em que a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados iniciou o processo que pode levar à cassação da parlamentar.

Os deputados também decidiram apresentar um projeto de resolução para reativar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, no qual a abertura da ação contra Flordelis será analisada. Na semana passada, o Partido Social Democrático (PSD) decidiu suspender a filiação da deputada.

Na publicação nesta quarta, Flordelis diz que a verdade prevalecerá. “Olhem para a minha trajetória até agora, não há nada do que possam me acusar, sempre fui uma serva de Deus, vivendo o caminho que Ele traçou para mim. Antes de me sentenciarem, me deem o direito de defesa”, escreve.

A publicação tinha 5.800 comentários no Facebook apenas até esta manhã de quarta. A maioria deles continha críticas. Já no Instagram, havia 21 comentários todos dando apoio à deputada.

Na semana passada, a parlamentar e a família foram alvos de uma operação do Ministério Público estadual (MPRJ) e a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI). Na ocasião, ela foi apontada como a responsável pelo assassinato domarido. Sete filhos, sendo três deles biológicos, além de uma neta da deputada, também foram acusados pelo crime e estão presos.

O pastor Anderson do Carmo foi assassinado depois de chegar em casa com Flordelis, em Niterói, na região metropolitana do Rio, em junho do ano passado. Ele foi alvo de vários tiros na garagem da residência.

Na ocasião, Flordelis afirmou que o marido tinha sido morto durante um assalto e alegou que o casal estava sendo seguido por homens em uma moto quando voltavam para casa.

Procurada para comentar a publicação da parlamentar, a defesa da deputada não se manifestou até a publicação deste texto.

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