Pedagoga é agredida com soco em abordagem da PM em Macapá

Presa por resistência, ela foi solta após pagar fiança; policial foi afastado das funções

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Ribeirão Preto

Uma pedagoga negra de 39 anos foi agredida com um soco durante uma abordagem policial na noite da última sexta-feira (18) em Macapá. O policial foi afastado de suas funções.

O caso aconteceu na zona norte da capital do Amapá. Enquanto dois homens de sua família eram revistados por dois policiais —com um terceiro PM armado no meio da rua—, a pedagoga Eliane Silva estava do outro lado da rua filmando a ação.

Um dos policiais deixa o local em que estava, atravessa a rua e diz à mulher que ela está presa. Em seguida, tenta retirar algo das mãos dela e lhe passa uma rasteira. Eliane resiste, mas segundos depois, é jogada ao chão.

Com a mulher caída, o policial militar dá um soco em seu rosto e ela começa a gritar. Depois, Eliane foi levada à delegacia, presa por resistência e desacato, e solta após o pagamento de fiança. A Folha não conseguiu ouvi-la neste domingo (20).

A abordagem foi filmada por moradores na zona norte da capital do Amapá. A ação gerou críticas de movimentos sociais, que marcaram um ato para terça-feira (22) em frente ao batalhão da Polícia Militar.

O governador Waldez Góes (PDT) disse que a agressão foi covarde e envergonha as forças de segurança e o Amapá. “A cena fica ainda pior pois é recheada de atitudes racistas”, disse ele.

Segundo Góes, o fato é isolado e não reflete a atuação dos policiais militares do estado. “Determinei ao Comando Geral da Polícia Militar uma apuração criteriosa e rápida dos fatos mostrados no vídeo. Cenas como essa não podem ser toleradas e não podem se repetir.”

A taxa de homicídios de negros no país saltou 11,5% de 2008 a 2018 (de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes), enquanto a morte de não negros caiu 12,9% no mesmo período (de 15,9 para 13,9 por 100 mil), de acordo com o Atlas da Violência 2020.

O mesmo padrão é repetido entre as mulheres: o assassinato de negras cresceu, e o de brancas caiu. O estudo foi elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.

A PM do Amapá, por meio de nota, disse lamentar “profundamente as imagens que estão circulando” e que tomou todas as providências que o caso requer.

Foi instaurado um procedimento administrativo pela Corregedoria Geral da PM para apurar a conduta dos policiais envolvidos na abordagem. “A instituição informa também que, assim que tomou ciência das imagens, imediatamente afastou o policial militar envolvido nas agressões físicas do serviço policial.”

De acordo com a polícia, as abordagens devem respeitar a integridade física e a dignidade das pessoas e a corporação se disse “contra qualquer tipo de violência praticada ao cidadão”. Em resposta numa rede social a uma pessoa que disse que a atitude envergonha as forças de segurança, a PM respondeu: “Estamos muito envergonhados. Lamentamos profundamente”.

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