Descrição de chapéu Coronavírus

Uma semana após rebaixamento, Ribeirão Preto mantém bares, academias e salões abertos

Prefeitura comandada por aliado de Doria teve pedido de revisão rejeitado e fez nova reivindicação

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Ribeirão Preto

Última sexta-feira (4). O governo estadual anuncia o rebaixamento da região de Ribeirão Preto para a fase laranja do plano de reabertura das atividades, a segunda mais restritiva, após constatar aumento de 48% no número de mortes provocadas pelo novo coronavírus em relação à semana anterior.

Foi o que bastou para gerar uma insurreição do prefeito Duarte Nogueira (PSDB), aliado do governador João Doria, também tucano, que fez pedidos de revisão, um já negado, e foi à Justiça para manter setores como comércio e serviços —pilares da economia local— na fase amarela. Essa fase do plano permite a abertura de bares, salões de beleza e academias, o que não é possível na laranja.

Na terça-feira (8), após receber a informação da rejeição do primeiro pedido de manutenção na zona amarela, Nogueira anunciou que não publicaria novo decreto com medidas mais restritivas e que manteria a cidade funcionando conforme a fase amarela, como já estava desde quatro dias antes. Passados seis dias da decisão estadual, nenhum setor segue a fase laranja na cidade.

três homens de calça e camisa andam em rua de feira agrícola
O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, e o governador João Doria durante visita à Agrishow - Joel Silva-1.mai.2018/Folhapress

“Não há obrigação, no nosso entendimento, de fazê-lo [novo decreto] nesse instante, [enquanto estamos] aguardando recurso administrativo e judicial”, disse o prefeito.

A prefeitura argumenta que a avaliação do estado que rebaixou a região toda foi feita com base na data de morte dos pacientes que contraíram a Covid-19, e não com a data de infecção. Isso, na avaliação da prefeitura, faz com que não se reflita o cenário atual da pandemia.

O governo alega também que houve represamento de dados que, quando lançados de uma vez no sistema, geraram um aumento irreal no índice de mortalidade.

A medida, nesta quarta, passou a ser tomada por outras cidades da região, como Batatais, que anunciou a abertura dos setores seguindo a fase amarela, até que o pedido seja analisado pelo estado.

Nogueira afirmou que a transmissão do vírus está menor em setembro, que o número de mortes recuou e que a positividade dos testes também retrocedeu. Enquanto em junho e julho mais de 60% dos exames feitos confirmavam diagnóstico da Covid-19, atualmente o índice está em cerca de 40%.

“Vamos defender até o último instante a manutenção na fase amarela, não por questão de desejo, mas de justiça, coerência, lógica, ciência, saúde pública e bom senso”, disse ele.

Após o anúncio do prefeito, a Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) divulgou dois comunicados, nos quais lamenta a decisão do governo estadual de deixar a cidade na fase laranja e orienta os comerciantes sobre os protocolos a serem seguidos na fase amarela.

“A entidade se solidariza e parabeniza a Prefeitura de Ribeirão Preto por todo empenho em fazer o município permanecer na fase do Plano São Paulo em que se encontra, mantendo as atividades e os estabelecimentos em pleno funcionamento”, diz trecho de um dos comunicados.

Conforme a associação, em virtude do novo pedido de revisão, os comerciantes devem seguir até sexta-feira os protocolos da fase amarela, que permitem a abertura do comércio oito horas por dia.

O Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto) e a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) também informaram seus associados de que podem abrir os estabelecimentos conforme a fase amarela, que permite o funcionamento do comércio de segunda a sábado, das 9h às 17h, com limitação de 40% da capacidade do local.

O secretário do Desenvolvimento Regional de São Paulo, Marco Vinholi, disse que a regra é de fase laranja para a região de Ribeirão Preto e que ela deveria ser seguida pelos municípios.

“É questão de saúde pública e o governo recomenda que possam seguir essa fase laranja, que foi delimitada pelo risco que tem de contágio”, afirmou.

​Segundo ele, o primeiro pedido de Ribeirão foi negado pelo centro de contingência na terça-feira e a nova ponderação feita por Nogueira será avaliada. “O fundamental é que haja união para combate ao coronavírus, para termos melhora dos indicadores”, disse.

Nesta quarta-feira (9) à noite, Ribeirão tinha 155 pessoas internadas em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para Covid-19, o que representa ocupação de 70,45% dos 220 leitos disponíveis.

Outras 159 pessoas estavam internadas em enfermarias de hospitais públicos e privados, ou 63,86% dos 249 leitos existentes.

Desde o início da pandemia, a cidade de 711 mil habitantes contabiliza 23.427 casos confirmados do novo coronavírus, com 622 mortes. Após o ápice em julho, com 233 óbitos, o total recuou para 103, em agosto, e 2, em setembro, conforme a Secretaria da Saúde de Ribeirão. A letalidade é de 2,7%.

Nogueira, que no fim de semana confirmou que tentará a reeleição em novembro, tem sido alvo de críticas de oposicionistas devido ao fechamento de leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 na cidade.

Ribeirão chegou a ter 250 vagas disponíveis, ante as 220 atuais. A prefeitura argumentou que o fechamento foi feito em hospitais privados, devido à redução da necessidade, e que o governo local não tem ingerência sobre a rede particular. Afirmou ainda que ninguém ficou sem atendimento na cidade, nem mesmo quando a ocupação de UTIs chegou a 99,4%, em julho.

Em todo o estado, somente as regiões de Ribeirão Preto e Franca estão inseridas, conforme o plano São Paulo, na fase laranja. Todas as demais estão na amarela.

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