Líder da maçonaria é afastado após denúncias de assédio sexual

João Xavier atribuiu acusações de duas ex-funcionárias a interesses políticos

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Rio de Janeiro

Acusado de assediar sexualmente duas ex-funcionárias, João José Xavier não é mais o Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (Glesp). Ele foi afastado da liderança desta que é uma das maiores correntes da maçonaria na América Latina por decisão do Superior Tribunal Maçônico.

"Qualificadas no frontispício do exordial, narraram os impetrantes o pedido de afastamento temporário do Sereníssimo Grão-Mestre", diz documento da última terça-feira (24).

O texto cita as denúncias feitas por duas mulheres que trabalharam na entidade, uma na administração, de 40 anos, outra na limpeza, de 29 anos. Ambas preferem ter a identidade preservada.

João José  Xavier, grão-mestre na Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo
João José Xavier, grão-mestre na Grande Loja Maçônica do estado de São Paulo - Reprodução Facebook

Três testemunhas confirmaram o que elas relataram ter sofrido com Xavier. A decisão de agora vem de uma corte interna, mas as mulheres também recorreram à Justiça tradicional, com ações criminais, trabalhistas e por danos morais.

"Ele começou a me chamar com frequência no gabinete, e a mostrar vídeos de mulheres de bunda de fora", disse uma delas em depoimento. "E falava assim: 'Nossa, loirinha, olha só essa moça, que bunda bonita, deve ser igual à sua, só que infelizmente eu não vi a sua, você não quer nada comigo, né?'"

Em outubro, quando a Folha conversou com elas e publicou reportagem sobre o caso, Xavier disse que associava as acusações a um "pequeno grupo" que perdeu a disputa pela liderança da Glesp no ano passado e agora tenta, "de forma vil e vingativa, denegrir sua honra".

O documento da corte maçônica diz que a decisão de removê-lo do cargo por ora lhe dará a chance para que "tenha a calma e a tranquilidade para realizar sua defesa".

Diz a peça não ser "salutar e de bom alvitre" dar "guarida a pretensão de algozes" prejulgando Xavier, sem lhe conceder o amplo direito de defesa. Mas seria um "desconforto" se a instituição se tornasse omissa e conivente, "aguardando com a serenidade de um monge o bombardeamento pôr termo a pendenga sem que a ordem se manifeste, como se estivesse alheia a esses acontecimentos".

Um boletim interno da Glesp afirma que a continuidade de Xavier no posto teria "repercussão danosa e prejudicial à coletividade maçônica".

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