A vida do professor Carlos Fuser foi dividida em militância política e fascínio pela educação.
A curta trajetória de 62 anos permitiu-lhe relacionar-se com pessoas de diferentes tribos e ser querido por todas. Por onde passou, bons sentimentos ficaram.
Apaixonado pela humanidade, Carlos encantou pela inteligência, otimismo e o bom e ácido humor misturado ao sarcasmo.
A militância política perdurou até meados dos 40 anos, quando a carreira de educador deu novo sentido à sua vida.
Inicialmente, uniu-se ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e depois ao PT (Partido dos Trabalhadores).
A veia criativa o acompanhava. Em 1976, aos 18 anos, Carlos havia iniciado licenciatura em artes na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), mas a organização de uma greve estudantil no local acarretou na sua expulsão pouco tempo depois.
Desencantado da política, Carlos mudou radicalmente. Tornou-se um anarquista, defensor da liberdade de pensamento e do direito de escolher o próprio caminho.
“Meu irmão deixou ali muitos pedaços de si, feridas diversas, suor e lágrimas, mas continuou a busca por caminhos para contribuir para um mundo mais justo”, diz o jornalista e professor universitário Bruno Fuser, 61.
Somente em 1990 concluiu na Faculdade de Belas Artes o curso iniciado 14 anos antes na Faap. Depois, fez licenciatura em pedagogia na USP e mestrado na PUC-SP em psicologia da educação.
Carlos escolheu a pedagogia porque desejava despertar as pessoas para olhar a vida com viés crítico. A carreira de docente durou cerca de 20 anos.
Atualmente, cursava filosofia a distância e planejava o doutorado.
Carlos guardava no coração espaço especial à família. A maior paixão era a netinha Juju, um presente da vida.
No dia 16 de outubro foi internado após sentir-se mal. Era um tumor intracraniano. Em 15 de novembro, sofreu uma parada cardíaca causada por tromboembolia pulmonar. Carlos deixa a esposa, três filhos, uma neta, os pais e quatro irmãos.
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