Descrição de chapéu Obituário Egmar Rodrigues de Carvalho (1945 - 2021)

Mortes: Pai dedicado, espalhava carinho com sua comida

Foi buscar a vida em São Paulo, mas sempre ansiando por voltar ao Ceará

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Brasília

Pouco afeito a declarações de carinho, Egmar Rodrigues de Carvalho (ou simplesmente o Tega) aprendeu ao longo da vida que não precisava de palavras para demonstrar que gostava de alguém. Farofa com torresmo, panelada, língua, peixada e cuscuz, era cozinhando iguarias nordestinas que ele melhor manifestava seu afeto por familiares e amigos.

A habilidade de cozinheiro veio da necessidade de se virar desde cedo, nascido em uma família de mais de dez irmãos no sertão cearense.

Também veio do gosto pelas coisas da terra, dos dias em que ajudava no pequeno sítio do pai na serra de Pereiro (CE); e do tempo em que comandou a barraca de praia em Fortaleza onde, segundo a esposa Ana Lívia, ele “pegou o gosto de servir as pessoas”.

Egmar Rodrigues de Carvalho (1945-2021)
Egmar Rodrigues de Carvalho (1945-2021) - Arquivo pessoal

Saborosa, a comida do Tega levava traços de sua personalidade sertaneja. Simples e intensa, dispensava adornos que julgava excessivos.

Creme de leite, nem pensar, porque “tira o paladar”.

Na década de 60, como tantos nordestinos da sua época, foi buscar a vida em São Paulo. Estudou contabilidade e participou de peladas na rua Engenho Velho. Foram tempos bons, mas duros. No sobrado de dois quartos no Tatuapé, entre a mãe e os irmãos, eram 14 pessoas.

Rebelde, por vezes não conseguiu ficar parado em um só lugar. Rodou o Brasil administrando um show itinerante de golfinhos, depois tentou empreitadas em Manaus e Palmas.

Com os anos a inquietude arrefeceu. Passou a ansiar pela sensação de estar em casa que só o seu Ceará poderia lhe dar.

Quando surgiu a oportunidade de trabalhar com um dos irmãos em Fortaleza, não pensou duas vezes.

Nos últimos anos, encontrava a felicidade em tardes de fim de semana estirado numa rede, assistindo futebol e fazendo palavras cruzadas.

Gostava de ficar em casa, porque era ali que dizia com a comida preparada a cada dia o que muitas vezes seu jeito duro não conseguia formular em palavras: o amor que sentia pela esposa e pelos três filhos, Amanda, Vinícius e Isabela.

Morreu no dia 2 de janeiro, aos 75 anos, por complicações causadas pela Covid-19.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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