Com tapumes, multas e fiscal caça-festas, cidades adotam ações anti-Carnaval

Localidades como Salvador, Recife e Belo Horizonte tentam manter clima de normalidade nas ruas

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Salvador , Recife e Belo Horizonte

No final da tarde de quarta-feira (10), um cover de Bell Marques empunhou uma guitarra e subiu em cima de um carrinho do tamanho de uma prancha de surfe em frente ao Farol da Barra, em Salvador. Ligou duas caixas de som e emulou um trio elétrico, gerando uma aglomeração de pessoas ao seu redor.

Um dia depois, a prefeitura de Salvador anunciou uma operação permanente até a Quarta-feira de Cinzas nas regiões da Barra, Campo Grande e Pelourinho, que abrigam os três principais circuitos do Carnaval de Salvador que atraem millhões de pessoas na festa.

Medidas semelhantes foram adotadas em outras cidades brasileiras que têm tradição carnavalesca, mas que terão o desafio de manter o clima de normalidade durante este Carnaval sem festas por causa da pandemia do novo coronavírus.

As ações antifolia incluem tapumes cercando trechos de circuitos carnavalescos, fiscais caça-festas circulando pela cidade e até multas que chegam a R$ 18 mil para quem descumprir as regras estão entre as medidas.

Tapumes colocados no bairro da Barra, em Salvador (BA), para impedir aglomerações durante o Carnaval - Adilton Venegeroles / Ag. A TARDE

Em Salvador, a prefeitura vai atuar com a Guarda Municipal e fiscais da Secretaria de Ordem Pública nos principais circuitos para monitorar possíveis aglomerações, denúncias de poluição sonora e comércio de ambulantes, que não poderão atuar na região nos dias que seriam o Carnaval.

O entorno do Farol da Barra e as praias da região estão cercadas com tapumes, e o acesso é controlado para evitar aglomerações. Em Itapuã e Rio Vermelho, bares estão funcionando com horário restrito e está proibida a venda e o consumo de bebidas alcoólicas a partir das 17h às sextas, aos sábados e aos domingos.

O receio de aglomerações fez com que o cantor Bell Marques mudasse o local da gravação da sua live carnavalesca, que acontecerá no domingo (14). A transmissão seria feita dentro do Farol da Barra, mas foi relocada para o Forte de São Marcelo, que fica dentro do mar, a cerca de 300 metros da costa.

Prefeitura e governo do estado suspenderam os pontos facultativos da sexta-feira e segunda-feira de Carnaval. O feriado da terça-feira, que tinha como base um decreto do governo da Bahia de 1981, também foi suspenso.

“Os carros e ônibus estarão circulando normalmente nessas áreas nas ruas onde funcionam dos circuitos do Carnaval”, afirma o secretário municipal de Cultura e Turismo, Fábio Mota.

Ele afirma que a prefeitura vai ampliar a fiscalização de possíveis festas clandestinas. Mas destaca que tanto na Lavagem do Bonfim quanto no Dia de Iemanjá, que também foram suspensos neste ano, não houve ocorrências de descumprimento do decreto que proíbe aglomerações.

Seguindo orientação do governo de Pernambuco, as prefeituras do Recife e de Olinda anunciaram na última terça-feira (9) a suspensão do ponto facultativo durante o Carnaval.

O Ministério Público do Estado de Pernambuco recomendou que os promotores reforcem a fiscalização do cumprimento das ações para impedir a realização de festas. Até a quarta, 30 cidades com maior tradição carnavalesca haviam recebido alerta para evitar a realização de qualquer tipo de festejo.

No Recife, as equipes de controle urbano vão fiscalizar bares e restaurantes, realizar rondas nos tradicionais polos momescos de anos anteriores e impedir a montagem de eventuais camarotes clandestinos.

Desta sexta até a Quarta-Feira de Cinzas (17), os guardas municipais de Olinda, em parceria com servidores que atuam na área de controle urbano, vão fiscalizar vários pontos do município com o objetivo de coibir qualquer sinal de aglomeração. Os principais pontos estão localizados na parte alta da cidade.

O governo de Pernambuco anunciou na quarta-feira a proibição do funcionamento de bares, restaurantes e comércio no Bairro do Recife e no sítio histórico de Olinda, locais tradicionais do Carnaval pernambucano, entre as 20h desta sexta e 6h da próxima segunda (15). O comércio ambulante nestes pontos também está proibido no período.

Belo Horizonte, que tem se tornado um destino de Carnaval nos últimos anos, também não terá ponto facultativo, com funcionamento normal dos serviços públicos nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro.

Autorizações para eventos e festas, incluindo desfiles de escolas e blocos, foram suspensas e a prefeitura irá intensificar a fiscalização. Estabelecimentos que operarem irregularmente podem ser interditados e multados em R$ 18,3 mil.

Para evitar aglomerações, a prefeitura de BH definiu horários diferenciados para funcionamento de bares e restaurantes entre a sexta (12) e a quarta-feira.

No sábado e domingo, os estabelecimentos devem estar fechados durante todo o dia e não poderão vender bebida alcóolica para consumo no local. Nos demais dias, devem fechar após às 15h.

No ano passado, a capital mineira reuniu um público de 4,4 milhões de pessoas nas ruas, entre os dias 8 de fevereiro e 1º de março, com 347 blocos de rua, 390 cortejos e 86 eventos privados licenciados.

Em Ouro Preto, cidade histórica com um dos carnavais mais tradicionais de Minas, a prefeitura proibiu eventos que possam gerar aglomerações, tanto em espaços públicos quanto privados.

A comercialização de bebidas alcoólicas segue os critérios do Minas Consciente, plano elaborado pelo governo Romeu Zema (Novo), que orienta a retomada das atividades, e de adesão voluntária dos municípios — o município está na onda vermelha, a fase mais restritiva.

A prefeitura também não adotou o ponto facultativo e irá intensificar a fiscalização para coibir ações clandestinas durante os três dias, com equipes da Vigilância Sanitária, Fiscalização de Posturas e Guarda Municipal e, se necessário, reforço da Polícia Militar.

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