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Mortes: Deixou boas histórias em nome do amor pelo futebol

Ricardo Trivilini era fanático pelo São Paulo Futebol Clube

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São Paulo

A simplicidade, a dedicação ao trabalho e o amor pelo São Paulo Futebol Clube eram bem marcantes no paulistano Ricardo Trivilini.

A vida profissional começou aos 14 anos, numa loja. Na escola, foi até o ensino médio.

Ricardo não gostava de luxo e era ligado em tecnologia. Sem grandes ambições, seu desejo era ver as pessoas felizes. “Ele pensava muito na família. Era um verdadeiro amigo, pessoa boa e disposta a ajudar. Todo mundo tem defeitos, mas os deles eram insignificantes”, diz a esposa Denise Aparecida Trivilini, 55, estudante de pedagogia.

Ricardo Trivilini (1972-2021)
Ricardo Trivilini (1972-2021) - Reprodução/Facebook de Fábio Soares

Os dois se conheceram no dia 13 de janeiro de 1994. Noivaram e casaram no mesmo ano. O casal foi apresentado por amigos em comum. Em dezembro último, Denise e Ricardo completaram 26 anos de matrimônio.

São paulino fanático, converteu dois sobrinhos palmeirenses.

“O Ricardo tinha um semblante sério, mas de fachada. Ele era um cara engraçado e falante. Eu o chamava de malvadão fajuto. A nossa conexão foi imediata por causa do futebol —eu palmeirense, ele são paulino sempre trocávamos ideias”, diz Fábio Soares, 44, funcionário da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

A amizade entre os dois começou há quase 21 anos. Os trilhos dos trens guardam sentimentos e boas histórias. Fábio lembra que o amigo sempre tinha três coisas a dizer e a terceira era o agravante.

“Isso aconteceu numa das únicas vezes em que trabalhamos juntos na mesma estação —tem uns 12 anos. Eu era o encarregado da tarde e ele o da noite. Foi num domingo. No sábado, eu havia ido a um jantar mexicano promovido por um amigo e tomado muita tequila. Entrei às 14h e tinha ido trabalhar muito mal. Não via a hora de voltar para a casa, tomar um banho e deitar. Aí o telefone tocou. Era o Trivilini”, conta.

“E aí, Fábio, beleza? Tenho três coisas pra te dizer. Primeiro, joguei bola a manhã inteira e estou todo quebrado; segundo, estou aqui na resenha do jogo da várzea; a terceira é o agravante. Tem São Paulo e Corinthians mais tarde e vai ter outra resenha pior que essa. Dobra escala pra mim hoje que amanhã eu te pago”.

Ricardo Trivilini morreu dia 24 de fevereiro, aos 48 anos, por complicações da Covid-19. Deixa a esposa, uma filha e um neto.

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