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Novo livro infantil faz personagens 'saltarem' das páginas e contarem história para todos

'Jota e Chico' tem aplicativo com janelinha que transforma as palavras em sinais e seis músicas inéditas e inclusivas

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São Paulo

Um livro para crianças que salta do papel e ganha movimentos ampliando o sentido e a compreensão da história. Ele também é composto por seis músicas chiclete inéditas e narração para os que ainda não sabem ler ou para os pequenos que não enxergam.

Já estaria de bom tamanho, mas “Jota e Chico” ainda, quando se transporta para a tela do celular por meio de um aplicativo gratuito, ganha também uma janelinha que transforma as palavras em sinais, o que ajuda leitores surdos.

Toda a modernidade da recém-lançada obra, que atende um pouco do anseio contemporâneo da molecada por tecnologia, tem ainda um elemento fundamental para conhecimento e aprendizado na infância: valores ligados à inclusão e à diversidade.

“É importante que as pessoas descubram que é possível fazer diferente porque a nossa cultura ainda exclui milhares de pessoas. A literatura deve ser para todos, mas a maior parte dos livros não garante que as principais camadas de leitura sejam percebidas por todos”, afirma Carolina Videira, idealizadora do livro e fundadora da Turma do Jiló, ONG que fomenta a educação inclusiva.

Um grupo de quatro pessoas em um cenário à meia luz. A primeira pessoa é um mulher, em pé, que usa vestido preto, tem cabelos encaracolados e usa colar vermelho; o segundo que aparece na imagem é um homem que usa camisa de manga comprida cinza. a terceira pessoa está sentada, com um braço apoiado no outro e usa blusa laranja, a última pessoa está em pé, é uma mulher de sorriso largo e está com um celular nas mãos, de onde se projeta uma imagem de um menino
Os idealizadores do livro infantil "Jota e Chico", desenvolvido em formato inclusivo; da esq. para a dir. Roberta Pinheiro Asse, 49 , Rafael Maluf , Carolina Videira,, Patricia Auerbach - Karime Xavier/ Folhapress

Ela explica que, “sem ver as imagens, não é possível compreender a narrativa de um livro ilustrado e, por isso, em casos de baixa visão, a leitura fica comprometida. A mesma coisa acontece com transtornos de aprendizagem, deficiência auditiva e intelectual. Em todos esses exemplos, usar estratégias diversas para contar a história ajuda muita gente a compreender a narrativa”.

A maior parte da história de “Jota e Chico”, por sinal, se passa dentro de uma escola, onde os embates inclusivos costumam começar. Jota tem síndrome de Down e vai encarar um ambiente longe da proteção dos pais e repleto de desafios para alguém que guarda diferenças.

Com texto de Patricia Auerbach e ilustrações de Roberta Asse, o livro tenta conduzir a criança ao entendimento de características individuais, ao valor da amizade e à necessidade de se ampliar o olhar para todos ao nosso redor.

“É de responsabilidade da escola reconhecer e atender às necessidades individuais de seus estudantes, adaptando-se aos diversos estilos e ritmos de aprendizagem para garantir uma educação de qualidade para todos. Precisamos trazer inovação, ciência e novas ferramentas para que as barreiras de aprendizagem deixem de ser enormes”, diz Carolina.

As seis músicas que ajudam a contar a história “É assim que eu sou”, “Meu amigo Jota”, “Pertinho pra Ver”, “Eu explico pra você”, “Vamos juntos aprender” e “Não importa se você é diferente” embalam a leitura e estimulam a seguir adiante para novas descobertas de ritmos.

As canções, todas com mensagens inclusivas e com ritmos que vão do rap ao country, são acionadas quando o aplicativo está aberto e o aparelho celular apontado para as páginas do livro físico. Elas também vão estar disponíveis nas plataformas de áudios.

Os idealizadores do livro infantil "Jota e Chico", desenvolvido em formato inclusivo; da esq. para a dir. Rafael Maluf, Roberta Asse, Carolina Ramos Videira e Patricia Auerbach - Karime Xavier/Folhapress

“A música é uma excelente ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, pois auxilia o desenvolvimento do raciocínio lógico e emocional, além de ser um instrumento prazeroso de interação social. No livro, as canções criam uma janela de tempo dentro da narrativa. Reverberam emoções que foram despertadas pela história, facilitam o pensamento crítico e ajudam os leitores a elaborarem o que foi lido”, declara Rafael Maluf, também idealizador da obra.

Mas é a vida animada dada aos personagens por meio de recursos em quatro dimensões o que deve mais encantar os leitores. A chamada realidade aumentada consegue fazer uma espécie de fusão entre a história que se passa no papel e o mundo virtual, um efeito que costuma encantar as crianças. Além disso, o recurso ajuda pequenos com alguma deficiência sensorial ou intelectual a ampliar a compreensão da narrativa.

“Com essas novas ferramentas, conseguimos desconstruir a ideia de que uma pessoa não é capaz de aprender, só porque não se adapta a formatos tradicionais. Algumas pessoas têm mais facilidade para ler o texto impresso, outras preferem ouvir as histórias ou assistir a uma leitura dramática. Mas se todos os formatos contam uma mesma história, basta que a qualidade do texto original seja mantida e garantiremos a qualidade da experiência”, diz Carolina.


Jota e Chico
Editora
Mourthé
Quanto R$ 24
Projeto Carolina Videira e Rafael Maluf
Texto Patrícia Auerbach
Ilustrações Roberta Asse

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