Descrição de chapéu Obituário Ana Beatriz Cordeiro (1967 - 2021)

Mortes: Cuidou da Mata Atlântica em prol dos micos-leões-dourados

Agregadora e educadora ambiental, Ana Beatriz Cordeiro foi parceira fundamental de entidade de proteção

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São Paulo

A passagem de Ana Beatriz Cordeiro pela vida foi curta, mas marcante. Ela dedicou parte importante de sua trajetória à natureza e questões ligadas ao ambiente.

Natural do Rio de Janeiro, atuou como secretária de Turismo do município de Silva Jardim, interior do estado, e em meados de 2010 se tornou parceira fundamental da Associação Mico-Leão-Dourado.

“A associação desenvolveu um projeto para a produção de mudas para os plantios da Mata Atlântica. A área em que o mico-leão vive, no interior do Rio de Janeiro, é muito desmatada e é preciso fazer alguns plantios para recuperar as florestas. Incentivamos alguns proprietários [de fazendas] a produzirem mudas para a gente comprar. Nesse projeto, ajudamos a estruturar o viveiro dela na fazenda da família [Fazenda dos Cordeiros] e a Ana passou a ser uma das produtoras de mudas nativas da Mata Atlântica para a restauração florestal”, conta o geógrafo e secretário-executivo da entidade, Luís Paulo Marques Ferraz.

Ana Beatriz Cordeiro (1967-2021)
Ana Beatriz Cordeiro (1967-2021) - acervo Associação Mico-Leão-Dourado

De brilho próprio e cativante, Ana levou sua doçura e alegria da cidade para o campo, em Imbaú, distrito de Silva Jardim, transformou a propriedade da família numa pousada e realizou várias atividades ligadas à sustentabilidade. Ela era produtora rural e possuía duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

“A Ana pensou a sustentabilidade como uma alternativa econômica para a região”, afirma Luís.
Ao lado do marido, Ayrton Violento, desenvolveu o projeto Aprendiz de Fazendeiro. Por meio dele, recebia pessoas que queriam o mundo rural, a produção de hortaliças e farinha de mandioca, por exemplo. O casal também fundou a Anda Brasil, que organiza caminhadas na natureza.

Com sua hospitalidade, proporcionou aos visitantes o compartilhamento de experiências na floresta, a aquisição de conhecimentos, alimentos orgânicos, festas, afetos, caminhadas, comida boa e o belo orquidário. Também realizava caminhadas, trilhas e trabalho educativo com escolas.

“Ela tinha um jeito especial de receber as pessoas, com carinho e afetividade. Todo mundo adorava ficar lá”, relata Luís.

Ana Beatriz Cordeiro (à esq.), ao lado do ator Harrison Ford
Ana Beatriz Cordeiro (à esq.), ao lado do ator Harrison Ford - acervo Associação Mico-Leão-Dourado


Nem o eterno Indiana Jones, o ator Harrison Ford, escapou dos seus encantos. Em 2013, ele visitou a região com a família para ver o mico-leão-dourado e almoçou na fazenda de Ana. “Ela recebia qualquer tipo de pessoa, gente simples ou ator de Hollywood, com a mesma generosidade e hospitalidade”, diz Luís.

Algumas mudas que produziu também estão no primeiro viaduto verde, construído sobre uma rodovia federal, a BR 101, para que o mico-leão-dourado e outros animais passem de um lado a outro da Mata Atlântica. Para ela, era motivo de orgulho. O viaduto liga a Reserva Ecológica de Porto das Antas à bacia do rio São-João-Mico-Leão-Dourado.

Muito mais do que produzir as mudas, Ana compreendeu e disseminou a importância do mico-leão-dourado para a região como elemento gerador de oportunidades.

Ana Beatriz Cordeiro morreu dia 13 de abril, aos 53 anos, por complicações de Covid-19. Havia poucos dias, tinha sido internada por causa de uma leucemia. Deixa o marido, dois filhos, a mãe e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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