Poucos dias antes de morrer, Benedito Edivaldo de Castro, o Benê, presenteou a mãe Elisa de Castro, 92, pela última vez.
No fim de semana do Dia das Mães, deu a ela a oportunidade de rever o mar, encontro que foi raro na vida de quem ele adorava ver sorrir. Elisa só viu o mar na infância e após muitos anos com os patrões para quem trabalhou.
Benê parou de estudar no primeiro ano do segundo grau para ajudar a mãe. Dedicou-se a ela e ao trabalho.
De experiência profissional eclética, foi empresário no ramo de perfumaria, bancário, camelô e vendeu cachorro quente na r. 25 de Março, segundo o garçom Marcelo Alves de Santana, 42, seu companheiro. Os dois se conheceram há 23 anos no largo do Arouche e logo iniciaram um relacionamento.
Benê amava o Carnaval e extraiu dele a alegria que o acompanhou na vida. Divertia-se perto dos amigos, da mãe, do amor e com uma cerveja por perto.
Sorridente e sempre com uma brincadeira na ponta da língua, Benê tinha dificuldade para dizer não e se esforçava para espantar a tristeza dos outros. “Ele gostava de ver o sorriso na cara das pessoas”, diz Marcelo.
Para brincar o Carnaval na rua, fantasiava-se de nega maluca. Benê incorporou a personagem porque gostava de dançar. Na Zona Norte, onde morava, tornou-se figura ilustre da festa.
Com diabetes e problemas pulmonares, Benê não resistiu à insuficiência renal. Morreu dia 20 de maio, aos 61 anos. Deixa a mãe, quatro irmãos, o companheiro e a gatinha Pita.
“Ele me mostrou a vida, o trabalho e a dignidade. Foi um grande guerreiro ao morrer lutando. No seu grande legado, deixou a vontade de viver”, afirma Marcelo.
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