Lázaro Barbosa, o serial killer do DF, é morto pela polícia após 20 dias de buscas

Mais cedo, governador Ronaldo Caiado havia divulgado vídeo com anúncio da prisão de acusado de homicídios

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Brasília

Lázaro Barbosa, que ficou conhecido como serial killer do DF, morreu na manhã desta segunda-feira (28) na cidade de Águas Lindas de Goiás, no entorno de Brasília. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, ele entrou em confronto com a polícia após 20 dias de buscas e não resistiu aos ferimentos.

"Ele foi socorrido com vida, mas, chegando ao hospital, foi a óbito. Descarregou uma pistola, possivelmente 380, em cima dos policiais", afirmou Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás.

Mais cedo, em uma rede social, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), havia anunciado a captura de Lázaro.

"Acabo de receber neste momento uma informação de que todas as forças de segurança que estão ali na região de Cocalzinho que o Lázaro foi preso", disse Caiado em um vídeo.

"Cumprimentar a todos aqueles que estão ali há vários dias trocando informações e chegando a este resultado final com a prisão do Lázaro", disse Caiado.

"Tá aí, minha gente, como eu disse, era questão de tempo até que a nossa polícia, a mais preparada do País, capturasse o assassino Lázaro Barbosa. Parabéns para as nossas forças de segurança. Vocês são motivo de muito orgulho para a nossa gente! Goiás não é Disneylândia de bandido", escreveu Caiado.

De acordo com Miranda, Barbosa carregava R$ 4,4 mil no bolso da calça. A quantia seria um indício de que ele provavelmente estaria tentando deixar o estado, afirmou o secretário.

O representante do governo de Goiás afirmou ainda que o criminoso portava duas armas, sendo delas uma pistola. "Uma pistola .380, que ele descarregou na direção dos policiais", disse. "Nós o cercamos e ele teve a oportunidade de se entregar, mas não quis."

Sobre os questionamentos que circulam nas redes sociais a respeito das circunstâncias da morte de Barbosa, o chefe da Segurança de Goiás afirmou que não os "aceita".

Comenários lançam dúvidas sobre se, de fato, houve confronto entre o foragido e os policiais "Eu lamento que pessoas que não estiveram aqui fiquem dando palpite infeliz."

Miranda disse que a força-tarefa vinha monitorando a ex-companheira de Barbosa e mãe dela. Havia indícios de que o foragido tentaria entrar em contato com elas.

O local onde Barbosa foi capturado e baleado é próximo a casa das duas. Elas foram levadas para prestar depoimento pela polícia, que apura a existência de uma "rede criminosa" que teria abrigado Barbosa nas últimas semanas.

Existem muitas chácaras na região. "Desde as dez [22h do domingo], a movimentação por aqui foi grande. Ninguém dormiu", disse o agricultor Cristiano Silva Alves, 34 anos. "A gente temia que ele estava [sic] vindo para essas bandas de cá. Foi o que ocorreu, mas acabou."

No final da manhã, o corpo de Barbosa foi transferido do hospital de Águas Lindas de Goiás para o IML (Instituto Médico Legal) de Goiânia. Dezenas de carros da polícia saíram em comboio do município pouco depois. Os agentes de segurança foram aplaudidos ao passar pela avenida principal. A cena se repetiu quando a fila de viaturas retornou a Girassol, povoado onde foi montada a base da força-tarefa.

A captura ocorreu após a prisão do dono e de um funcionário de uma fazenda, ambos acusados de ajudar o foragido a se esconder. Espingardas foram apreendidas no local. Em uma das ocasiões em que Barbosa foi visto, afirmaram os policiais, ele carregava uma delas.

Desde o crime cometido no início deste mês em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, ele vinha fugindo ao cerco policial se escondendo em chácaras e mata do cerrado. A polícia informou que ele caminhava dentro dos rios, para dificultar a ação dos cães farejadores.

Durante a fuga, segundo a polícia, Barbosa cometeu uma série de novos crimes –baleou moradores de uma chácara, fez de reféns em outra, roubou carros e armas. Trocou tiros com um funcionário de uma fazenda e também com policiais.

Uma megaoperação foi montada com o objetivo de capturá-lo, incluindo polícias estaduais de Goiás e do DF, e as polícias Federal e Rodoviária Federal. Foram mobilizados mais de 270 agentes de segurança.

Barreiras foram montadas nas rodoviais que levam a Cocalzinho, onde os policiais revistavam o interior de veículos e porta-malas, na suspeita de que o fugitivo pudesse ter coagido motoristas a transportá-lo.

As buscas também eram feitas por helicópteros e também por drones, com sensores que detectavam movimentos. No fim de semana, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás havia divulgado nota na qual afirmava que haviam sido incorporados à força-tarefa dois cachorros do Corpo de Bombeiros –que passaram a totalizar cinco, sendo que um deles atuou nas buscas do desastre de Brumadinho.

A equipe de inteligência da PRF também foi incorporada à força-tarefa durante o fim de semana.

Durante esse período, as buscas alteraram a rotina da região, predominantemente rural. Muitos moradores fecharam suas propriedades e seguiram para outras localidades, com medo.

No dia 9 de junho, uma quarta-feira, Barbosa invadiu uma chácara em Ceilândia (DF), possivelmente para roubar, segundo apontam as investigações, e matou um casal e dois filhos.

Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Vidal, 21, e Carlos Eduardo Vidal, 15, foram assassinados no local. Os corpos estavam sob folhas para que não fossem vistos pelas buscas aéreas da polícia.

Cleonice Andrade, 43, foi levada como refém e seu corpo foi localizado três dias depois às margens de um córrego, sem roupas. De acordo com a polícia, a vítima foi executada com tiro na nuca.

Desde então, relatos apontam que ele invadiu outras propriedades no DF e em Goiás, trocou tiros com um funcionário de uma fazenda, roubou armas e veículos e obrigou um caseiro a cozinhar e fumar maconha com ele.

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Lázaro Barbosa, quando foi preso em 2018 - Divulgação/Polícia Civil de Goiás

Além do quádruplo latrocínio (matar para roubar) em Ceilândia, é atribuída a ele uma tentativa do mesmo tipo penal em 2020, ao invadir uma chácara em Goiás para roubar e atingir um idoso com um machado.

Barbosa é natural de Barra do Mendes, município a pouco mais de 500 km de Salvador. Foi lá que registrou sua primeira passagem pela polícia —um duplo homicídio. Capturado, escapou dez dias depois.

Ele responde também por crimes de estupro, roubo à mão armada e porte ilegal de arma de fogo, acusação que o levou à cadeia em 2013 no DF.Após três anos, progrediu para o regime semiaberto e fugiu da cadeia. De acordo com informação da Secretaria de Administração Penitenciária do DF, ele não retornou ao sistema após uma saída temporária.

Em 2018, Barbosa foi preso pela polícia de Goiás, mas conseguiu escapar novamente. Desde então, vinha sendo procurado pela polícia.“Estamos lidando com um psicopata”, disse o secretário de Segurança Publica de Goiás, Rodney Miranda, antes da captura. "Uma pessoa que, se puder, vai fazer refém; se puder, vai matar."

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