Mesmo avesso a formalidades e cargos, José Moacyr Vianna Coutinho ficou conhecido como professor Coutinho desde a época em que ministrava aulas na USP, universidade onde também se formou.
Lá cursou história natural e desenvolveu um trabalho baseado no amor que tinha pelas pedras, em especial os cristais, e no talento para a educação.
“Ele foi admirado e amado pelos alunos ao longo de décadas. Até hoje era lembrado com carinho”, diz a cartunista Laerte Coutinho, sua filha. Na USP, foi ligado ao Instituto de Geociências e ministrou aulas das disciplinas de mineralogia e petrologia.
Professor Coutinho escolheu a área de ciências por movimento próprio e desta forma agiu com os filhos. “Ele deixava as pessoas livres. Usava o próprio exemplo para nos educar. Em nenhum momento fez qualquer cara feia quando fui para a área artística. Ao contrário”, diz Laerte.
A criatividade foi outra marca importante. Na época da faculdade, inventou o “coutinhoscópio”, uma simples caixa de madeira com mecanismo que permitia mostrar os cristais.
Nos anos 2000, um mineral recém-descoberto foi batizado de Coutinhoita —homenagem da ciência pela sua contribuição à mineralogia brasileira e mundial. Laerte fez uma tirinha especial para comemorar a descoberta.
Fora da sala de aula, era um homem reservado, carinhoso e sempre com ideias e propostas inusitadas. Gostava de animais, principalmente cães.
No casamento, Coutinho foi completamente feliz, de acordo com Laerte. Foi na USP que conheceu Maria de Lourdes, o grande amor de sua vida. Na época, ela também cursava história natural, mas em turma diferente. Namoraram pouco mais de um ano e se casaram.
Uma insuficiência respiratória —não relacionada à Covid-19 — colocou fim a uma história de 97 anos marcada pelo amor e pela dedicação à família e ao trabalho, um ensinamento que deixou aos filhos.
Segundo Laerte, Coutinho passou pela vida com boa saúde. Nos últimos anos, ficou mais frágil e o organismo apresentou comprometimentos variados.
José Moacyr Vianna Coutinho morreu em casa nesta sexta (25). Deixa a esposa Maria de Lourdes, os filhos Mauro, Laerte, Helena e Marília, além de 10 netos e 11 bisnetos.
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