Bombeiros buscam corpo de criança jogado em rio no RS; mãe confessou crime, diz polícia

Menino de 7 anos foi dopado e colocado dentro de mala antes de ser lançado no rio Tramandaí, segundo delegado

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Porto Alegre

O Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul busca, desde esta quinta-feira (29), pelo corpo de um menino de sete anos que foi jogado em um rio, na cidade de Imbé, litoral Norte do estado. A mãe da vítima, uma mulher de 26 anos, confessou o crime.

As buscas foram suspensas na noite desta sexta (30), mas serão retomadas na manhã deste sábado (31). Segundo o tenente Elísio Oliveira Lucrécio, comandante do Pelotão de Bombeiros em Tramandaí, as equipes usam bote, lanchas, moto aquática, helicóptero, drone e um carro na procura pela criança.

Bombeiros fazem buscas pelo corpo do menino em rio em Imbé, litoral do RS
Bombeiros fazem buscas pelo corpo do menino que foi jogado no rio Tramandaí, em Imbé, litoral norte do RS - Renato Dias/Correio de Imbé

A mãe do menino chegou a tentar registrar o desaparecimento da criança em uma delegacia, na quinta, alegando que ele estava desaparecido havia dois dias, mas acabou confessando que dopou o filho e jogou o corpo dele no rio Tramandaí, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Ela afirmou não ter certeza se o menino estava morto quando o colocou na água.

As autoridades no caso descartam a possibilidade de que ele possa ser encontrado com vida. O crime teria ocorrido na madrugada de quinta, em meio a onda de frio intenso que provocou ocorrência de neve em vários municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

“Ela estava fazendo o registro do desaparecimento, mas causou estranheza esperar dois dias para procurar a polícia. Ela alegou que viu no Google que tinha que esperar 48 horas e foi se contradizendo. A Brigada Militar a acompanhou até em casa, ela não aceitou que a polícia entrasse, o que causou desconfiança. Foram fatos que começaram a levantar suspeitas”, diz o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, responsável pelo caso.

"Ela acabou afinal por confessar o crime, que agredia a criança, que tinha uma relação difícil com a criança", afirma ele.

Ainda segundo a polícia, a mulher disse ter dado um antidepressivo ao filho, medicamento que era usado pela companheira dela, uma mulher de 23 anos. O envolvimento da madrasta no caso ainda está sendo investigado.

O delegado relata que o menino sofria castigos diários, dormia dentro de um guarda-roupas, às vezes, amarrado, e sofria tortura psicológica e física. À imprensa local, Antônio Júnior afirmou que o menino estava matriculado em uma escola, mas devido à pandemia de Covid-19, não tinha contato com colegas ou professores.

O menino teria sido levado até o rio em uma mala de lona com rodinhas, de onde foi retirado e colocado na água —o objeto foi apreendido no local onde a família vivia há cerca de dois meses. Uma perícia foi realizada no endereço nesta sexta pelo IGP-RS (Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul).

Peritos do IGP estiveram no local onde a mulher vivia com o filho de sete ano, que jogou no rio, em Imbé, no litoral norte do RS
Peritos do IGP estiveram no local onde a mulher vivia com o filho de sete anos, que jogou no rio, em Imbé, no litoral norte do RS - Divulgação

Vizinhos e familiares foram ouvidos pela investigação para apurar como era a relação da família. “Por enquanto, só tenho esse ano que ela morou em Imbé, não tenho o passado. Ela veio de Porto Alegre para morar aqui esse ano”, disse o delegado.

A mulher teria dito ainda à polícia que não tinha sentimento pelo filho e pretendia passar a guarda dele para a avó, mãe dela. O pai do menino nunca foi presente na vida dele, segundo a mãe, que alegou ainda ter sofrido violência sexual praticada pelo ex.

A mulher foi presa em flagrante na quinta e teve a prisão convertida em preventiva nesta sexta, depois de pedido apresentado pelo delegado do caso à Justiça. Ela foi levada a um presídio em Torres, também no litoral norte gaúcho.

A Polícia Civil diz ainda que a mulher deve ser indiciada por ocultação de cadáver e homicídio qualificado, com agravante de ter sido cometido contra um descendente, que era menor 14 anos e não teve condições de se defender.

O advogado da mulher, Bruno Vasconcelos, disse que a defesa não irá se manifestar a respeito dos fatos.

“O inquérito ainda está em andamento, tem questões para serem apuradas, diligências para serem realizadas, então, até que se concluam algumas coisas, a defesa só irá se manifestar nos autos do processo”, afirmou ele à Folha.

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