Descrição de chapéu Solidariedade

Ex-atletas criam ONGs e usam esporte como ferramenta de inserção social

Iniciativas também abrem as portas para novos talentos do esporte nacional

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Campinas

Longe das competições, ex-atletas desenvolvem projetos sociais que oferecem práticas esportivas para jovens de baixa renda. São iniciativas que abrem as portas para novos talentos do esporte nacional, e ajudam a formar uma nova geração de atletas que já começam a integrar as equipes brasileiras nos torneiros internacionais como a Olimpíada de Tóquio.

É o caso do ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, 51, fundador do IVCL, instituto que leva seu nome. O atleta conquistou o bronze olímpico em Atenas 2004. Ele liderava com folga, quando foi atacado por um manifestante que o segurou próximo à marca dos 36 km. Auxiliado pelo grego Polyvios Kossivas, o brasileiro retomou a prova e cruzou a linha de chegada completando os 42 km com os braços abertos e um grande sorriso no rosto.

“Eu já tinha resultados expressivos, mas aquilo veio valorizar ainda mais a minha vida pessoal e minha carreira. Não só pelo mérito do resultado, mas também pela questão do espírito olímpico”, afirma Vanderlei. Movido pela solidariedade, por sua história e pela amizade com o ex-treinador Ricardo D´Angelo, Vanderlei estendeu seu legado ao instituto, localizado em Campinas (SP).

A iniciativa nascida em 2008 oferece treinamento gratuito orientado por profissionais, além de acompanhamento médico e fisioterápico a 180 jovens. Na pandemia, foi incluído o apoio escolar com o acompanhamento psicopedagógico.

Neste ano, dois talentos do IVCL participarão das Olimpíadas de Tóquio: Daniel Nascimento, 22, vai correr a maratona, e Eduardo de Deus, 25, participará da prova dos 110 metros com barreiras. Ambos passaram pelo instituto durante a adolescência, assim como cerca de 3.500 meninos e meninas, desde a fundação. Por ano, são investidos R$ 2 milhões, captados com incentivos fiscais. Em 2021, o instituto doou 13 toneladas de cestas básicas às famílias de jovens participantes do projeto.

Outra contribuição à equipe olímpica brasileira é a do Instituto Jackie Silva, criado pela ex-jogadora de vôlei de praia e medalhista olímpica Jackie Silva, 59. O atleta Evandro Oliveira Júnior, 30, que esteve na seleção em 2016, no Rio, e joga neste ano, começou por meio da iniciativa social.

O instituto mantém o projeto Atletas Inteligentes, desenvolvido com 80 alunos de ensino médio da Escola Estadual Professora Laís Martins, em Duque de Caxias (RJ). O financiamento é feito por leis de incentivo e patrocínio de empresas. O instituto ainda realizou ações como a reforma da biblioteca e a construção da quadra de vôlei de areia.

Jacqueline afirma que, embora talentos se revelem, o mais importante é a possibilidade de desenvolvimento social e pessoal que o projeto proporciona a jovens carentes. “Comecei aos nove anos na escola e reconheço que alcancei excelentes resultados, mas o esporte me fez existir de maneira diferente pela força de vontade, pela disciplina, pela dedicação.”

Familiares de atletas também compartilham o olimpismo. Mãe do ex-tenista Gustavo Kuerten, 44, Alice Kuerten, 72, é presidente do IGK (Instituto Guga Kuerten) desde sua fundação, em 2000. Entre os focos de atuação do instituto, está o incentivo e auxílio a projetos voltados a pessoas com deficiência. Alice conta que a iniciativa surgiu a partir de sua experiência com seu filho Guilherme Kuerten, que possuía deficiência intelectual múltipla e morreu há 13 anos.

O instituto é mantido por meio das leis de incentivo, além de empresas parceiras. Desde o ano passado, em virtude da pandemia, a iniciativa doou mais 7.000 cestas básicas e ofereceu apoio psicológico às mais de 300 famílias dos jovens assistidos pelo Programa Campeões da Vida, outro foco do IGK.

“Ser solidário é a base de tudo. As pessoas têm que olhar um pouco para o lado, para o outro, deixar de serem egoístas. Assim você se torna solidário no trabalho, no esporte, no lazer. Ser solidário é uma filosofia de vida”, afirma Alice.

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