Descrição de chapéu Obituário Rosa Motta (1924 - 2021)

Mortes: Guardiã das artes, viveu dias de glamour e de voluntariado

Rosa Motta colecionou registros de escritores, poetas e artistas de outros segmentos

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São Paulo

Ficou guardado a sete chaves o que se pode chamar de relíquia cultural de Rosa Motta. São dois álbuns com registros de escritores, poetas, dramaturgos e pintores.

Nascida em uma família de judeus russos que imigraram para o Rio Grande do Sul, a proximidade de Rosa com o mundo das artes começou na editora Globo, em Porto Alegre.

Em dias normais de trabalho, ela tinha contato com ilustres da literatura e assim surgiu a ideia de criar uma coleção de autógrafos e textos. Nela estão Jorge Amado, Pablo Neruda, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana e Oswald de Andrade, entre outros.

Rosa Motta (1924-2021) com os filhos Bettina e Mauricio
Rosa Motta (1924-2021) com os filhos Bettina e Mauricio - Arquivo pessoal

As páginas também trazem registros de artistas de segmentos variados, como uma aquarela feita por Tarsila do Amaral, que ganhou uma moldura.

Nos anos 1940, Rosa mudou-se com a família para São Paulo, cidade que guardou um grande orgulho: seu irmão, José Goldemberg, foi aluno e mais tarde reitor da USP (1986 a 1990).

Em 1952, ela casou-se com o advogado italiano Biagio Motta, braço direito de Ciccillo Matarazzo, fundador do MAM (Museu de Arte Moderna). A cerimônia aconteceu no museu. Da união nasceram os gêmeos Mauricio e Bettina.

Segundo a arquiteta Bettina Motta, sua filha, Biagio tornou-se um importante marchand, o que fez as artes plásticas entrarem na vida de Rosa. A época foi marcada por eventos glamourosos, vernissages e amigos famosos, como Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi e Di Cavalcanti.

Apesar de não ser uma judia praticante, ela dedicou-se ao voluntariado, no Ten Yad, entidade que oferece refeição aos menos favorecidos, e como curadora do concurso infantil de desenhos na organização internacional Wizo, criada e gerida por mulheres judias.

Ativa e simpática, até antes da pandemia a vida social foi agitada, mas a preferência era reunir a família e os amigos aos sábados para almoços. Ela adorava a companhia de gente interessante, culta, com bom papo e de qualquer idade.

Corajosa, abrigou em casa o sobrinho Clovis Goldemberg, estudante do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), quando este era perseguido pela ditadura militar.

Aos 96 anos, seu último ano de vida, teve a alegria de se tornar bisavó duas vezes. Após lutar por cerca de dois anos contra um câncer linfático, Rosa não resistiu e morreu dia 4 de julho.

Deixa dois filhos, uma nora, dois netos e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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