João Manuel da Silva adorava jornais e jornalistas. Um dos fatos que o deixou feliz e orgulhoso foi a escolha da filha Wania Torres, 48, pela profissão. Mesmo com a leitura e escrita precárias, estava sempre antenado nas notícias.
Sua vida poderia ser um conto. Nascido no sítio dos pais, em Pernambuco, João era o segundo entre cinco filhos homens.
Desde cedo, arregaçou as mangas e deixou o suor do trabalho na roça. Assim, sobrou pouco tempo para dedicar-se aos estudos —fez até o equivalente à terceira série do ensino fundamental.
Aos 16 anos, veio para São Paulo com um dos irmãos e os primos. Na época, a capital paulista era o principal destino de muitos nordestinos.
Em terras paulistanas, nenhuma dificuldade atravessou o seu jeito simples, doce e comunicativo. Morou em pensão e trabalhou como copeiro e motorista. “Ele fazia um café delicioso como ninguém”, diz Wania.
Após anos de permanência na Sadia, como motorista da diretoria, comprou um caminhão e o colocou na estrada.
Ao longo de 77 anos, deixou bons exemplos de honestidade, empatia e dedicação ao trabalho. O carisma e a educação também marcaram a personalidade.
A prima Gercina Torres da Silva, hoje com 76 anos, estava predestinada a passar o resto da vida ao seu lado. Foi ela quem despertou-lhe o amor. Ao lado de Gercina, João permaneceu casado por 50 anos. O casal teve quatro filhos, mas três morreram bebês.
No início de 2013, mudou-se com a esposa para João Pessoa (PB) e lá ficou até o fim da vida.
No último aniversário, em maio, João ganhou uma homenagem surpresa e a camisa oficial do Santos, o time do coração.
João Manuel da Silva morreu dia 11 de julho, aos 77 anos, após uma parada cardíaca. Deixa a esposa, uma filha e um neto.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.