Descrição de chapéu Obituário José Hidasi (1926 - 2021)

Mortes: Húngaro, realizou sonho de estudar fauna brasileira

José Hidasi sobreviveu à 2ª Guerra Mundial e desenvolveu técnica de taxidermia reconhecida internacionalmente

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Goiânia

Quando era adolescente, o húngaro José Hidasi ganhou do pai um presente que mudaria sua vida: um livro sobre animais do Brasil. O fascínio pela fauna tropical guiou os sonhos do jovem até em tempos sombrios.

Durante a 2ª Guerra Mundial, enquanto servia ao Exército, José, que era József, virou prisioneiro. Fugiu e começou uma travessia pela Europa, com a ideia fixa de ir para o Brasil. Quando chegou à França, cursou ciências naturais na Universidade de Lille e finalmente conseguiu entrar em um navio para cumprir seu objetivo.

Em 1950, aos 24 anos, chega à América do Sul e consegue um emprego na Fundação Brasil Central, que realizava expedições pelo oeste. Seu primeiro destino foi Aragarças, município goiano às margens do rio Araguaia. Lá, começou sua pesquisa em ornitologia, o estudo das aves.

José Hidasi (1926-2021) e o filho mais novo, Roberto Hidasi
José Hidasi (1926-2021) e o filho mais novo, Roberto Hidasi - Arquivo pessoal

Foi da cidade que saíram os primeiros animais do Zoológico de Goiânia, inaugurado em 1956 com a ajuda do pesquisador. Seu filho mais novo, Roberto Hidasi, conta que pai colocou vários animais em um avião da Força Aérea Brasileira rumo à capital.

A paixão pela natureza manifestou-se em uma técnica que ele aperfeiçoou durante anos —a taxidermia, procedimento que visa conservar o corpo do animal. “Meu pai queria eternizar os bichos para que as futuras gerações pudessem ver como eles eram”, explica Roberto.

Com um acervo cada vez maior, José Hidasi decidiu começar um museu itinerante em 1965. Um ônibus era usado como transporte e estrutura para a exposição, que passava de cidade em cidade. O húngaro ia sozinho, apresentando seus animais para os curiosos.

Depois da experiência, construiu um museu para a coleção ao lado da própria casa. O Museu de Ornitologia de Goiânia, que funcionou de 1968 a 2018, chegou a ser considerado um dos maiores do mundo na área.

Os esforços de Hidasi eram direcionados à preservação ambiental. Em uma de suas viagens, começou a divulgar que o tatu-canastra, uma espécie sob risco de extinção, transmitia hanseníase. Uma mentira, claro, para afastar os caçadores. Tempos depois, quando foi realizar uma coleta, um fazendeiro disse que ele poderia se aproximar de qualquer animal, menos do tal tatu, que espalhava a infecção.

A experiência e pioneirismo na área renderam muitos convites para o naturalista. Ele ensinou suas técnicas de taxidermia em vários países e foi professor pesquisador na PUC-GO.

José Hidasi morreu em Goiânia, no dia 19 de julho, aos 95 anos. Deixou cinco filhos, 27 netos, quatro bisnetos e mais de 100 mil animais taxidermizados espalhados por museus e instituições do mundo todo.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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