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Chuvas na Bahia destruíram estoques de vacina e medicamentos

Governador do estado diz que que postos de saúde foram tomados pela água

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São Paulo

As fortes chuvas que atingem boa parte da Bahia e que já deixaram ao menos 21 mortos, mais de 350 feridos e milhares de desabrigados, também podem trazer reflexos negativos para as campanhas de imunização contra a gripe e a Covid-19 na região.

Isso porque algumas cidades tiveram seus estoques de vacina destruídos após as enchentes, afirmou nesta terça-feira (28) o governador do estado, Rui Costa (PT).

Ele classificou os temporais que atingem a Bahia há cerca de três semanas como "tempestade perfeita", ao mencionar os problemas enfrentados pelos municípios.

"Em alguns locais 100% de todo medicamento, de todas as vacinas, foram perdidos, porque algumas secretarias municipais de saúde, os depósitos e os medicamentos ficaram embaixo da água completamente. É o caso da cidade de Jucuruçu e outras localidades."

Bombeiros ajudam no resgate de pacientes de um hospital de Ilhéus
Bombeiros ajudam no resgate de pacientes de um hospital de Ilhéus - Camila Souza/GOVBA

Além de Jucuruçu, Rui Costa citou a cidade de Itororó, como um segundo ponto que computou prejuízos após a água tomar um posto de saúde e levar todas as vacinas.

"Nesse momento é repor o mais rápido possível medicamentos, vacinas e material para atenção médica", explicou o governador durante entrevista coletiva transmitida pelas redes sociais.

O petista ainda pontuou que é necessário tomar cuidados em relação às doenças que podem ser transmitidas através do contato com água contaminada, como a leptospirose.

"Nós temos o desastre natural e temos duas pandemias acontecendo ao mesmo tempo. A pandemia do coronavírus e esse vírus da gripe que tem assolado o país inteiro e também a Bahia. Por isso é fundamental a atenção e ação dos médicos."

O governador disse que ainda não tem uma previsão sobre a quantidade de verba necessária para a reconstrução das cidades atingidas pela tempestade. "Não é possível, nesse momento, eu estipular prazo de recuperação de estrada nem federal, nem estadual. Não é possível porque nós não temos a dimensão exata do estrago."

Questionado por um repórter sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) não ter comparecido ao estado em meio ao desastre, Rui Costa minimizou o tema. "Eu confesso que não me dei tempo para ver a agenda nem rede social do presidente da República nem de outras pessoas públicas. Eu estou concentrado aqui no trabalho, concentrado em salvar vidas humanas, em cuidar das pessoas."

Na manhã desta terça-feira (28), uma comitiva que reuniu os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, além da ministra da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sobrevoou a região de Ilhéus, uma das mais afetadas pelos temporais. Eles, porém, não conseguiram seguir o cronograma e também sobrevoar o município de Itabuna, devido ao tempo fechado.

Assim que a aeronave aterrissou em Ilhéus, os ministros se juntaram ao governador Rui Costa e participaram de uma entrevista coletiva.

Ao final do encontro, o governador questionou o valor de R$ 200 milhões destinados pelo governo federal, através de portaria, para a reconstrução de rodovias destruídas pelas chuvas no país. No entendimento de Rui Costa, o montante de R$ 80 milhões a ser recebido pelo Nordeste não é suficiente para recompor os estragos.

Ponte destruída pelas chuvas no estado da Bahia
Os R$ 200 milhões liberados pelo governo federal serão para consertar as rodovias impactadas pelas chuvas em cinco estados neste final de ano - Isac Nóbrega - 12.dez.21/PR

"Eu estava olhando a portaria, são R$ 200 milhões para o país inteiro: R$ 70 milhões para o Sudeste, R$ 70 milhões para o Norte e R$ 80 para o Nordeste. Eu queria só fazer um apelo, é que não é possível recuperar as estradas federais com R$ 80 milhões para o Nordeste. Com R$ 80 milhões não dá para recuperar da Bahia, pelo estrago que tem. Tem vários rompimentos."

O petista se solidarizou com as dificuldades dos outros estados, mas justificou que é necessário um aporte apenas para a Bahia.

Logo após sua fala, o ministro Rogério Marinho foi ao microfone e explicou que o governo federal tem prestado auxílio a outros seis estados que sofrem com as chuvas, como Goiás, que decretou calamidade, Tocantins, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Piauí.

O ministro informou que aguarda um diagnóstico mais preciso das condições das estradas baianas, que será possível somente quando a água baixar, para decidir o montante que poderá ser disponibilizado para reconstrução de rodovias, acessos e outras infraestruturas urbanas.

"Nós vamos precisar de um pouco mais de tempo para receber esses informes e aí sim nós teremos a capacidade e a condição de termos um montante, e esse montante será fruto de uma medida provisória de crédito extraordinário."

No âmbito da Saúde, o ministro Marcelo Queiroga afirmou ter editado uma portaria nesta terça-feira em que serão disponibilizados R$ 12 milhões para áreas afetadas por enchentes, contemplando também o estado de Minas Gerais. Do total, segundo ele, a Bahia vai receber R$ 7 milhões, verba esta oriunda de recursos do Fundo Nacional de Saúde.

Queiroga ainda explicou que o Ministério da Saúde vai encaminhar 100 mil doses da vacina contra a gripe e imunizantes para hepatite A, além do envio de 90 médicos especialistas na atenção primária.

​"Nós vamos tomar todas as providências para dar suporte às autoridades de saúde do estado e do município. Como vocês sabem o SUS (Sistema Único de Saúde) é tripartite, e nós temos que atuar em conjunto para apoiar a população do estado da Bahia nesse momento de sofrimento e de dor".

Até a tarde desta terça-feira (28), a Bahia contabilizava 34.163 desabrigados e 42.929 desalojados, de acordo com dados enviados pelas prefeituras e tabulados pela Sudec (Superintendência de Proteção e Defesa Civil).

O número de municípios em situação de emergência já chega a 136. Segundo o governo, 471.786 pessoas já foram afetadas pelo desastre natural.

O óbito mais recente ocorreu na noite de segunda-feira (27), quando um rapaz, de 19 anos, tentou atrevessar uma enxurrada em Ilhéus. Desde o ínicio das chuvas foram registradas mortes em: Amargosa (2), Itaberaba (2), Itamaraju (4), Jucuruçu (3), Macarani (1), Prado (2), Ruy Barbosa (1), Itapetinga (1), Ilhéus (2), Aurelino Leal (1) e Itabuna (2).

O governo federal já repassou R$ 20 milhões para ajudar as cidades destruídas pela força das águas. Segundo João Roma, ministro da Cidadania, foram enviados 90 médicos para as regiões.

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