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Ministro do STF cobra governo sobre passaporte da vacina nos aeroportos

Barroso dá 48 horas para Executivo explicar por que não exige comprovante de quem chega ao Brasil pela via aérea

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Brasília

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu 48 horas para o governo federal explicar por que não é exigido comprovante de vacinação para pessoas que desembarcam no Brasil pela via aérea.

O magistrado mencionou pedido da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesse sentido e citou "inércia" do Executivo em atualizar a portaria que trata do ingresso no país.

A ordem de Barroso ocorreu na ação em que o partido Rede Sustentabilidade pede para a corte obrigar o Palácio do Planalto a adotar as medidas recomendadas pela agência reguladora para entrada no Brasil.

O ministro Luís Roberto Barroso exige uma explicação do governo federal pela não exigência do certificado de vacinação dos viajantes que desembarcam no país
O ministro Luís Roberto Barroso exige uma explicação do governo federal pela não exigência do certificado de vacinação dos viajantes que desembarcam no país - AFP

Agora, os Ministérios da Casa Civil, da Justiça, da Saúde e da Infraestrutura terão que justificar ao STF as medidas que vêm adotando para evitar a entrada de novos casos da Covid-19 no país.

Na decisão, Barroso também cita o surgimento da ômicron, nova variante da doença.

"Diante da inércia do governo federal em revisar a Portaria nº 658/2021, do risco iminente de disseminação de nova cepa de Covid-19, da aproximação das férias e de grandes eventos turísticos (como o Carnaval), o requerente pede, liminarmente, que o STF determine a adoção das medidas recomendadas pela Anvisa", resumiu o ministro.

Atualmente, é necessário apenas um teste negativo para a doença e a assinatura de uma declaração de que está de acordo com as medidas sanitárias estabelecidas pelas autoridades locais para entrar no Brasil.

Na ação, porém, a Rede cita que diversos países exigem o passaporte de vacinação e que o Brasil corre risco de se tornar o destino preferencial do turismo antivacina.

A tese do partido é que, apesar de a Anvisa ser um órgão opinativo e os ministérios terem o poder de decidir, o governo tem sido omisso e o presidente, negacionista.

O Planalto realizaria na tarde desta segunda-feira (6) uma reunião para decidir o controle sanitário das fronteiras, mas cancelou o encontro, após a decisão de Barroso.

Como a Folha mostrou, aliados do presidente não querem tomar decisão que desagrade a militância bolsonarista. Avaliam que o STF acabará decidindo sobre o controle das fronteiras.

Ainda que o presidente seja frontalmente contrário ao passaporte da vacina, essa não é uma unanimidade no governo. Na reunião desta segunda, que acabou cancelada, representantes do Ministério da Saúde iriam propor ao Planalto seguir as recomendações da Anvisa.

Parte da equipe do presidente e dos ministérios ainda teme ser criticada e até responder na Justiça por omissão, pois aumentou a pressão para adotar o passaporte da vacina após a descoberta da variante ômicron.

Além da Anvisa, TCU (Tribunal de Contas da União), DPU (Defensoria Pública da União) e Fiocruz pediram a cobrança do certificado de imunização de viajantes.

Um caso recente no interior de São Paulo ilustra o debate sobre o passaporte vacinal. De acordo com a Prefeitura de Ribeirão Preto, o homem chegou ao país sem tomar o imunizante contra a Covid.

O viajante, que é francês, está internado em estado grave com Covid-19 desde 28 de novembro no Hospital São Lucas – Ribeirânia, em Ribeirão Preto (a 313 km da capital paulista), segundo o último boletim médico.

O homem, que tem 52 anos, permanece intubado desde 3 de dezembro. O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) afirmou que o exame feito pelo Instituto Adolfo Lutz mostrou que o paciente foi infectado pela variante delta. Ele viajou ao Brasil a trabalho em 13 de novembro e dois dias depois começou a apresentar os sintomas da doença. Um colega, que também não tomou a vacina, apresentou sintomas leves e não precisou ficar internado.

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