Descrição de chapéu chuva

Medo de ter bens saqueados faz morador entrar em água suja em MG

Bairro na região metropolitana de BH ficou isolado após inundação de ribeirão

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juatuba (MG)

O transbordamento do ribeirão Serra Azul, em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, deixou parte dos moradores do bairro Varginha isolados.

De acordo com eles, a situação teve início na madrugada de sábado (8). Eles reclamam não terem sido avisados pelo poder público de que o volume excedente de uma represa seria jogado no riacho.

"Não avisaram que iriam soltar a água da represa. Se tivessem avisado, daria tempo de ter tirado as coisas", disse a artesã Arlete Ferreira de Souza.

Morador tira pertences de sua casa, alagada, em Juatuba (MG) - Eduardo Anizelli/Folhapress

A mulher, que mora na rua Sebastião Rios, relatou ter saído de casa assim que notou a água subir, por volta das 2h de sábado. Como a chuva não dá trégua e a água que tomou sua rua não baixa, ela afirmou não saber o tamanho de seu prejuízo.

"Moro na rua que virou um rio. Não sei o que perdi, porque não consigo entrar na casa em que moro há 20 anos", contou em tom de indignação.

Enquanto algumas pessoas tentavam se esconder da chuva sob telhados ou embaixo de árvores, outras se arriscavam na água barrenta na tentativa de salvar bens, caso do músico Alexandre Reis, 50.

"Tirei instrumentos, televisão e videogame, algumas coisas que deram para salvar. Mas perdi camas, geladeira, máquina de lavar e sofá."

Questionado se não tinha medo de ficar doente por não saber se água era contaminada, Reis explicou que sua iniciativa se dava devido ao medo de ter seus bens saqueados, uma vez que pessoas estranhas estavam rondando o bairro.

Enquanto os moradores do Varginha contabilizam seus prejuízos e aguardavam a água baixar para voltar para casa, a cheia no bairro Satélite era encarada como atração.

Bairro fica completamente alagado após forte chuva provocar enchente em Juatuba (MG) - Eduardo Anizelli/Folhapress

Por volta das 16h desta segunda-feira (10), cerca de 15 pessoas se perfilavam com celulares na mão capturando imagens da água barrenta que fez sumir partes de uma rua e da linha do trem.

O tratorista Renato Francisco dos Santos, 49, foi uma das pessoas que fez questão de sair de casa e levar a família para ver a novidade.

"A gente vê pelas redes sociais e televisão, e você tem que vir para ver de perto", disse para a reportagem enquanto supervisionava sua esposa, sua irmã, seu genro e cunhado deixarem seu carro.

Um morador do bairro relatou que a última vez que viu uma grande quantidade de água foi há mais de duas décadas.

"De subir assim foi em 1997. Para baixo do pontilhão é tudo sítio. Os sitiantes estão debaixo d'água", disse o motorista João Paulo, 36, que preferiu não dizer seu sobrenome. Através de imagens captadas por drone era possível ver a dimensão dos estragos, com casas somente com o telhado visível.

Ainda no bairro Satélite também tinha quem enxergasse a água como vilã e não como um ponto turístico.

Dono de um restaurante no entorno do pontilhão, o empresário Silval Mendes, 50, disse ter notado um prejuízo de R$ 10 mil nos últimos dias.

"Os clientes sumiram. Está tudo alagado, não tem como chegar. As pessoas não vêm para cá sem o trem passando", explicou.

A assistência social do município está cadastrando as famílias atingidas pelos estragos.

Segundo a prefeitura, as pessoas estão sendo orientadas a buscarem abrigo em casas de parentes. Quem não consegue é conduzida até a escola Padre Moacir, onde estão recebendo abrigo com água, comida e cama.

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