Onda de calor pode levar a temperatura recorde no RS

Oeste gaúcho tem previsão de chegar a 45ºC até sábado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Curitiba e Rio de Janeiro

Uma onda de calor pode fazer cidades do Rio Grande do Sul registrarem temperaturas recordes a partir desta terça-feira (11). De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, termômetros podem marcar até 45ºC no oeste do estado entre sexta-feira (14) e sábado (15).

A MetSul, empresa de meteorologia gaúcha, classificou a onda de calor como brutal, incomum e excepcional. Segundo a companhia, o fenômeno também vai afetar o clima de Argentina, Uruguai e Paraguai, trazendo riscos à população.

Homem sem camisa joga no corpo água de um bebedouro
Homem se refresca na beira do rio da Prata, em Buenos Aires, na Argentina, que está sendo atingida por onda de calor; no Brasil, temperaturas extremas afetam principalmente o RS neste mês de janeiro - Agustin Marcarian - 9.jan.2022/Reuters

Estael Sias, meteorologista e sócia da MetSul, afirma que a onda de calor é consequência de uma estiagem severa no sul do Brasil (especialmente o Rio Grande do Sul), no Uruguai e na Argentina. A seca, por sua vez, é resultado do fenômeno La Niña, que consiste no resfriamento das águas do oceano Pacífico.

"É normal nos anos de estiagem se registrarem ondas de calor. O ar fica seco, a vegetação ressecada, o solo rachado. Não tem de onde sair umidade, fica uma verdadeira bolha de ar seco", diz ela.

Sias explica que a seca e o calor se alimentam. "Quanto mais alta a temperatura, maior a evaporação, secando ainda mais a região. E quanto mais seco, mais quente."

Segundo ela, o bolsão de ar seco no Sul pode estar relacionado ao excesso de chuvas em outras regiões do país, como Minas Gerais. O bloqueio atmosférico impede a chegada das chuvas, que ficam retidas em outros locais.

Sias diz ainda que a onda de calor deve ficar mais concentrada no Sul, se dissipando ali mesmo, sem atingir outros locais do país. A previsão é que volte a chover na região entre domingo (16) e segunda-feira (17).

Em artigo publicado no site da MetSul, a meteorologista escreveu que o calor deve atingir recordes no Uruguai e na Argentina, provavelmente os países que serão mais afetados pela nova onda, mas que marcas históricas também podem ser alcançadas no Rio Grande do Sul.

Segundo Sias, as temperaturas ficarão entre 10ºC e 15ºC acima da média para esta época do ano. Em seu artigo, a meteorologista ratificou a previsão do Inmet e alertou que cidades do Rio Grande do Sul podem registrar até 45ºC.

A maior temperatura já registrada no estado, de acordo com as estatísticas oficiais contabilizadas desde 1910, foi de 42,6ºC. Isso ocorreu nos verões de em 1917, em Alegrete, e de 1943, em Jaguarão.

De acordo com Sias, temperaturas acima de 35ºC devem ser generalizadas no próximo final de semana no Rio Grande do Sul. Até regiões mais frias, como a Serra Gaúcha, terão calor. "Cidades da Serra Gaúcha podem ter marcas extremas no final da semana, com máximas de até 37ºC em Caxias do Sul e ao redor dos 40ºC nos vales de Farroupilha e Bento Gonçalves", escreveu.

Em Porto Alegre, as temperaturas devem passar de 35ºC a partir desta terça-feira. Para a sexta, a MetSul prevê entre 38ºC e 40ºC.

Sias destaca ainda que a onda de calor será capaz de fazer vítimas entre pessoas vulneráveis, como idosos, e pode causar incêndios, já que ocorrerá num momento de seca severa na região. O Inmet já emitiu aviso laranja por conta da onda de calor.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.