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Rio de Janeiro cancela Carnaval de rua em 2022

Desfiles na Sapucaí e eventos privados, porém, estão mantidos pelo prefeito Eduardo Paes

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Rio de Janeiro

O prefeito Eduardo Paes (PSD) cancelou nesta terça (4) o Carnaval de rua no Rio de Janeiro devido ao aumento de infecções pelo novo coronavírus, provavelmente impulsionado pela variante ômicron. O desfile na Sapucaí, porém, segue confirmado até o momento.

A decisão foi informada por Paes e pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em reunião com representantes de cerca de 450 blocos da cidade, que concordaram com a medida, e depois anunciada em transmissão nas redes sociais. No total, 506 blocos de rua se inscreveram neste ano.

Foliões durante o bloco de carnaval Vem Cá Minha Flor pelas ruas do centro do Rio de Janeiro
Foliões durante o bloco de carnaval Vem Cá Minha Flor pelas ruas do centro do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Outras cidades já cancelaram os eventos da festa, sendo a principal delas Salvador. A lista de municípios que não terão a festa chega a pelo menos 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.

"O Carnaval de rua, por sua própria natureza e pelo aspecto democrático que tem, gera a impossibilidade de se exercer qualquer tipo de fiscalização", afirmou Paes na transmissão.

O desfile na Sapucaí está mantido, segundo ele, porque lá será possível ter uma "série de controles", que ainda serão anunciados.

O prefeito disse que o secretário municipal de Saúde já vinha alertando que seria muito difícil a realização do Carnaval de rua tendo em vista os dados epidemiológicos recentes.

Presidente da Sebastiana, liga que inclui alguns dos principais cortejos cariocas, Rita Fernandes afirmou que os blocos já haviam decidido acatar "a decisão da ciência". "Ele [Paes] disse que, pelos dados de hoje, não tem condição de fazer Carnaval de rua no Rio, então a gente precisa recuar", declarou.

"Achamos uma decisão completamente adequada. A gente tem que ajudar, tem que diminuir a propagação, e não seremos nós do Carnaval de rua responsabilizados coletivamente pelo aumento do número de casos. Esse ônus a gente não quer para nós", completou.

O município enfrenta um novo aumento no número de casos, provavelmente pela circulação da variante ômicron. A porcentagem de testes feitos que deram positivo para a presença do coronavírus saltou de 1% em meados de dezembro para 13% na última semana.

O número de internações na rede pública permanece num dos patamares mais baixos desde o início da pandemia, mas a quantidade de pessoas nos leitos do município mais do que dobrou desde o Natal, de 11 para 24, na tarde desta terça.

Soranz afirmou que, após semanas de redução no número de casos de Covid-19, os números voltaram a crescer nas últimas semanas. Com a vacinação, a expectativa é que não sejam acompanhados por um grande aumento nas internações e óbitos.

O secretário disse, ainda, que não existe mais epidemia de gripe na cidade e que os casos de infecção simultânea por Covid e influenza são isolados, sem relevância epidemiológica.

Paes também afirmou na transmissão que propôs uma alternativa para a realização do Carnaval de rua, a princípio não aceita pelos representantes dos blocos. Ele disse que está aberto a negociações e contrapropostas.

O prefeito sugeriu à Ambev, patrocinadora da festa, que em todo fim de semana de fevereiro houvesse um evento gratuito com 50 blocos tradicionais, em dois ou três pontos da cidade.

Nesses espaços, seria possível estabelecer alguns controles, como apresentação de passaporte vacinal e testagem pela prefeitura. Os locais propostos inicialmente por ele foram o Parque Olímpico da Barra da Tijuca e o Parque Madureira.

"Nós não topamos. A gente acha que não é o nosso lugar, não nos representa, somos blocos da cidade inteira", disse Rita Fernandes, da Sebastiana, na saída do encontro ao lado de representantes de outros grupos, se referindo ao Parque Olímpico.

Segundo ela, o prefeito também se mostrou contrário a essa espécie de "blocódromo", mas ponderou que a alternativa seria excepcional para o evento deste ano por causa do aumento dos casos de Covid-19.

A partir de agora, os blocos devem voltar a se reunir entre si e depois com a prefeitura para decidir se farão eventos em outros formatos, como festas e shows nos bairros, ou cancelar de vez a folia.

Também não é uma opção fazer um Carnaval fora de época, o que segundo as ligas nunca teve adesão no Rio.

Em reunião no dia 20 de dezembro, o comitê científico que assessora Eduardo Paes defendeu que não havia, naquele momento, razão para estabelecer restrições à festa, cancelada no ano passado em razão da pandemia.

Dias depois, a Ambev, patrocinadora do Carnaval de rua carioca que firmou um contrato de R$ 39 milhões para os desfiles, notificou o prefeito para que definisse a realização do evento até esta quarta (5).
A notificação foi enviada também para a presidente da Riotur, Daniela Maia, e para a Dream Factory, responsável pela estrutura de apoio aos desfiles.

Enquanto isso, eventos privados seguem fazendo divulgações e vendas de ingressos para o período de Carnaval. A categoria alega que é possível fazer o controle sanitário exigindo o comprovante de vacinação completa contra a Covid.

O cancelamento do Carnaval de rua de Salvador foi confirmado nesta segunda (3). A decisão aconteceu após o governador da Bahia Rui Costa (PT) anunciar que não haverá festas de rua no período carnavalesco neste ano.

No Recife, maior polo carnavalesco do estado de Pernambuco, ainda há uma indefinição. A prefeitura disse que a decisão ficará a cargo das autoridades sanitárias.

A tendência é que a gestão municipal da cidade siga a recomendação do governo estadual, mas a administração sinaliza que os grandes eventos de Carnaval somente poderão voltar ao patamar pré-pandemia com a superação da crise sanitária.

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