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Venezuelano é morto após briga por dívida de R$ 100 na Grande SP

Valor seria referente ao pagamento de aluguel; suspeito de cometer o crime foi preso

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São Paulo

O imigrante venezuelano Marcelo Antonio Larez Gonzalez, 21, morreu com um tiro no peito após uma discussão supostamente motivada por uma dívida de R$ 100. A cifra seria referente ao pagamento do aluguel do imóvel onde foi assassinado, no último dia 3 em Mauá, na Grande São Paulo.

O suspeito pelo crime, um encanador de 41 anos, vizinho e locador da vítima, fugiu do local após o crime. Ele foi preso na última terça-feira (8), segundo a Polícia Civil. A defesa dele não foi encontrada.

Na noite do dia 3, policiais militares faziam patrulhamento na região quando foram acionados para verificar uma denúncia sobre vítima de disparo de arma de fogo no bairro Jardim Oratório.

Ao chegarem ao endereço, segundo relato dos PMs à Polícia Civil, encontraram Gonzalez caído na sala de sua casa, sem vida e com um ferimento de tiro no peito.

O venezuelano Marcelo Antonio Larez Gonzalez morreu com um tiro no peito em Mauá, na Grande São Paulo - Reprodução/Marcelo Caraballo no Facebook

Enquanto aguardavam os socorristas, os policiais foram informados pela companheira da vítima que Gonzalez havia discutido com o locador do imóvel, que mora no andar superior, sobre uma dívida de R$ 100, relacionada ao aluguel.

Cinco minutos após o desentendimento, ainda de acordo com o que a mulher de Gonzalez disse à polícia, o locador teria retornado ao apartamento do casal "e efetuado um disparo de arma de fogo", com um revólver. O suspeito, identificado no boletim de ocorrência do caso como encanador, fugiu em seguida.

Ainda de acordo com a polícia, o suspeito de cometer crime devia R$ 300 para familiares da vítima. O desentendimento teria começado aí.

A esposa do suspeito afirmou em depoimento à Polícia Civil ter ciência de que seu marido iria cobrar uma dívida do vizinho.

Em seguida, da varanda da casa, a mulher afirmou ter escutado um tiro e viu seu companheiro correndo em direção a ela dizendo para não se preocupar e que estava indo embora.

A morte do venezuelano foi constatada por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda no local do crime.

O caso foi registrado como homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por ter sido praticado "à traição".

A Secretaria de Estado da Segurança Pública afirmou que o 1º DP de Mauá trabalha para finalizar o inquérito policial para encaminhá-lo à Justiça.

Despejo

Tiago Alves Nascimento, membro do Movimento Antirracista Dandara, afirmou que a família do venezuelano não relatou discriminações anteriores por parte dos vizinhos. A entidade presta apoio aos familiares de Gonzalez.

Nascimento destacou que a família, por não estar em seu país de origem, carece de assistência social e de políticas públicas que garantam isso. "Ocorreu um fato brutal, por causa de R$ 100", afirmou Nascimento. "No mesmo dia em que mataram ele [venezuelano], um familiar do suspeito pediu para a família da vítima sair da casa", acrescentou.

Desde então, diz Nascimento, quatro crianças, com idades entre 2 e 6 anos, além de cinco adultos, incluindo a esposa da vítima, permanecem em um galpão, oferecido pela comunidade para que os imigrantes fiquem por lá ao menos três meses.

A esposa de Gonzalez, uma dona de casa de 24 anos, afirmou à Folha, no início da noite desta quinta-feira (10), que o atirador nunca havia sido violento com a família, até o dia do assassinato.

No dia do crime, porém, ela afirmou que o locador já chegou armado, na primeira vez em que foi ao apartamento da vítima. Segundo ela, o homem mostrou a arma ao cobrar Gonzalez. Saiu em seguida e, depois de alguns minutos, retornou e, sem falar nada, efetuou o disparo.

O imóvel, ela acrescentou, foi alugado por meio de um acordo verbal.

A dona de casa disse que a família saiu da Venezuela, há cerca de dois anos, para trabalhar e melhorar de vida. Inicialmente, foi para Brasília, onde ficou pouco tempo. Depois, mudou-se para a Grande São Paulo.

Gonzalez trabalhava como ajudante de pedreiro, acrescentou sua companheira, que afirmou ter ficado sem fonte de renda para manter os filhos do casal.

Para ajudar, entre em contato com o Coletivo Dandara pelo Instagram.

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