Descrição de chapéu Obituário Lucielene Maria Silva de Luiz, a Gugu (1964 - 2022)

Mortes: Professora dedicou a vida a ensinar e cuidar

Lucielene, a Gugu, falava e ria alto e praticava seus valores sem alarde

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Heloisa Helvécia Isabel Rocha
São Paulo

O nome de batismo nunca a representou. Caçula de cinco filhos, virou "Gugu", apelidada pela irmã mais velha, a "Deda", já que uma das primeiras palavras que aprendeu foi tartaruga, "guguga", único pet da casa.

Gostava de bichos, natureza, terra, plantas, crianças. A vida lhe deu tudo que importava para ela, como os filhos, Isabel e Alexandre, com o parceiro querido da caminhada toda, Marcelo.

Designer de joias artesanais, vivia cercada de pedras coloridas, de coisas bonitas e simples, lindezas que plantava, confortos que criava para os seus sentidos e os de todos, família, amigos. Espalhava vidrinhos reciclados com flores miúdas pela casa, que têm cheiro de lavanda. Fazia amizades e nunca desfazia. Gente da infância no colégio Cristo Rei, gente ia ficando no cotidiano dela.

Temporã, deu a sorte de ser tia aos 5 anos. Foi a amiga apaixonada e lúdica de uma porção de sobrinhos, depois sobrinhos-netos. Sem falar nos afilhados, entre eles o seu amado Bernardo, 11.

Lucielene Maria Silva de Luiz, a Gugu (1964-2022) - Arquivo pessoal

Educadora de formação, confirmou cedo sua vocação para crianças. Voltava sempre alegre da Escola Viva, onde trabalhou até o fim dos anos 1990. Deixou boas memórias como professora. Comovidas, mães de alunos (hoje adultos) surgiram sabe-se lá como na sua despedida feita sem aviso –atropelada.

Nunca abandonou sua missão clara de ajudar no desenvolvimento de pessoas. A decisão de "dar um tempo das salas de aula" veio com a chegada dos filhos, a quem se dedicou desde então –nunca quis terceirizar nada. Acordava cedo (e bem-humorada) para levá-los à escola, preparava comidas coloridas e acompanhava cada etapa de suas trajetórias, respeitando escolhas e incentivando a autonomia. Amigos e amigas das suas crianças, com quem também criou laços profundos, a descrevem como "um pouco mãe também".

No tempo de faculdade, a sua busca de sentido a levou para a yoga.

Adolescente ainda, sorveu teorias e práticas associadas ao caminho espiritual, como livros de Osho (na época ainda era Rajneesh) e grupos de Gurdjieff. Foi professora de yoga no centro Narayana, um dos mais tradicionais. Buscava silêncio e paz, mas que não contassem com ela para papinhos "muito brisa", como dizia. Não tinha nada de "zen", falava e ria alto, praticava seus valores sem alarde. Atravessou o ano mais duro de pandemia meditando todo dia às seis da tarde.

Ensinou muito e cuidou de todo mundo, sempre.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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