Descrição de chapéu Alalaô

Emoção e lugares vazios na arquibancada marcam início dos desfiles do Carnaval em SP

Foliões se alegram com o retorno ao Sambódromo do Anhembi

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São Paulo

Após dois anos de espera, lágrimas e ansiedade, para a retomada dos desfiles das escolas de samba de São Paulo, a alegria voltou a ser sentida por integrantes de agremiações, na noite desta sexta-feira (22), no Sambódromo do Anhembi, na zona norte.

As arquibancadas laterais estavam mais vazias do que em anos anteriores, mas isso não tirou o sorriso do rosto de quem estava no Anhembi.

De volta ao Grupo Especial desde 2020, juntamente com a Vai-Vai, a Acadêmicos do Tucuruvi abriu os desfiles de São Paulo.

O prefeito paulistano Ricardo Nunes e o governador paulista em exercício Rodrigo Garcia reabrem simbolicamente o desfile do Sambódromo do Anhembi - Rubens Cavallari/Folhapress

Há 15 anos na Tucuruvi, Wladimir Alves, 46, deixou de ir à missa de sétimo dia da cunhada para compor a ala de passistas, fantasiado de robô. A ideia era representar a era moderna.

"Chorei de alegria hoje [sexta] me lembrando de todo o sofrimento ao lembrar a pandemia e de constatar que as coisas estão voltando à normalidade. Vim para a avenida também para homenagear a minha cunhada, pois ela me disse, antes de morrer, que estava muito feliz em saber que o Carnaval iria acontecer", afirmou.

Com o samba-enredo "Carnavais…de lá pra cá o que mudou? Daqui pra lá o que será?", a agremiação da zona norte homenageia todas as escolas em seu desfile inaugural, desde que voltou ao grupo de acesso. A Tucuruvi foi rebaixada, juntamente com a Vai-Vai, em 2019. Ambas conseguiram retornar ao principal grupo de São Paulo, pouco antes da pandemia, no ano seguinte.

Se identificando somente como Pitica, uma senhora que compõe uma das alas de homenagem à história do samba afirmou que seu coração estava a mil, instantes antes de colocar os pés na avenida. "Este Carnaval não é somente para celebrar a festa, mas principalmente a vida."

Vestindo sua fantasia de lutadora de boxe, Tifany Cristina Augusto de Jesus, 21, disse que já desfilava antes mesmo de ter nascido. "Quando minha mãe estava grávida de seis meses, eu estava desfilando com ela. Sempre participei do Carnaval. Isso é um estilo de vida que só quem está envolvido sabe", afirmou. "Agora nem tenho palavras para descrever, é puro sentimento."

A irmã dela, Samara Laís, 23, desfila pela primeira vez na Tucuruvi. "Foi horrível não poder desfilar nestes dois anos e achava que não teria Carnaval neste [2022]. Sinto como se estivesse indo para a avenida pela primeira vez. Ser a primeira escola a desfilar é uma grande responsabilidade", ressaltou.

Com um adereço nas mãos, a ser entregue para uma amiga, Carlos Lima, 29, divide sua rotina há 15 anos em ser um "faz-tudo" na Tucuruvi, além de trabalhar em uma fábrica de alimentos.

"Hoje [sexta] acordei às 3h e não consegui mais pregar o olho, de tão ansioso. Vivo um sentimento de tristeza, pelas mortes ocorridas nestes dois anos, por cauda da Covid, e ao mesmo tempo de alegria, em podermos celebrar a vida", ponderou.

A Tucuruvi entrou às 22h30 na avenida, dando o pontapé inicial para que outras seis escolas também se apresentassem entre a noite desta sexta e madrugada de sábado (23) no sambódromo.

Marinheira de primeira viagem no Anhembi, a aposentada Ivani Pinheiro, 85, aproveitou que familiares se reuniram para o feriado de Tiradentes para celebrar o reencontro com muito samba e alegria.

"Perdi amigos para a Covid, fiquei assustada por causa da doença. Agora que as coisas parecem estar voltando aos eixos, estamos aproveitando."

A idosa estava de braços dados com o noivo de sua neta, o inglês Luke White, 41.

Sem falar uma palavra em português, ele afirmou ser seu primeiro Carnaval no Brasil, adiantando ter convicção de que a festa "será no mínimo linda."

A Acadêmicos do Tucuruvi trouxe, na letra de seu samba-enredo, um tom saudosista remetendo a antigos Carnavais. "Tempo, me leva / Me faz viajar nos trilhos da saudade / Onde a gente se perdeu / E deixou pra trás nossa simplicidade?", diz o primeiro refrão.

"De lá pra cá, o que mudou? / Daqui pra lá, o que será? / O samba não acabou nem vai acabar / Sou resistência e você tem que respeitar", diz outro trecho do samba-enredo. A escola, fundada em 1976, tem as cores vermelho, amarelo, azul e branco.

A avenida também foi ocupada no decorrer da noite e da madruga pelas escolas de samba Colorado do Brás, Mancha Verde, Tom Maior, Unidos de Vila Maria, Acadêmicos do Tatuapé e Dragões da Real.

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