Em crítica a policiais, políticos dizem que viatura virou 'câmara de gás' em Sergipe

Genivaldo de Jesus Santos, 38, morreu por asfixia em uma ação da PRF

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São Paulo

A morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38, em Umbaúba, em Sergipe, na tarde desta quarta-feira (25), provocou a manifestação de políticos contra a ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Conforme o laudo do IML (Instituto Médico-Legal), Santos morreu devido à insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica, segundo a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe.

No entanto, os agentes da PRF apontaram em boletim de ocorrência que a vítima faleceu "possivelmente devido a um mal súbito".

Agentes da Polícia Rodoviária Federal impediram que homem deixasse o carro policial
Genivaldo de Jesus Santos morreu após abordagem da PRF em Umbaúba, em Sergipe - Reprodução

Vídeo feito por moradores mostra o homem ainda vivo sendo trancado no porta-malas de uma viatura onde os policiais detonaram bombas de gás.

O deputado federal Padre João (PT), que é membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, classificou o caso como barbárie. Em uma postagem no Twitter, ele escreveu que Genivaldo foi morto "em uma câmara de gás da viatura".

Seu colega de partido, o também deputado federal Paulo Pimenta, classificou a morte de Santos como absurdo, no que afirmou que os policiais transformaram a viatura em câmara de gás, também fazendo referência ao nazismo.

Ainda no âmbito federal, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL) escreveu em seu Facebook que a "tortura e morte de Genivaldo Santos é um crime bárbaro e inaceitável". Ela afirmou que vai acionar o Ministério Público Federal para uma investigação mais rigorosa.

Um dos políticos mais atuantes no tema direitos humanos, o vereador por São Paulo Eduardo Suplicy (PT) disse estar revoltado com a "brutalidade da ação de policiais". O ex-senador ainda pediu por justiça.

Parlamentar com atuação diária nas redes sociais, a deputada federal Carla Zambelli (PL), não entrou no mérito da morte de Santos. No entanto, mesmo com a Polícia Rodoviária Federal envolvida em dois casos emblemáticos em menos de 24 horas –a morte de ao menos 23 pessoas em operação na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, e na morte em Sergipe– ela não deixou de mencionar a corporação em sua rede social.

Em publicação realizada na manhã desta quinta-feira (26), ela parabenizou o presidente Jair Bolsonaro (PL) "pelo empenho em valorizar a segurança pública do nosso país e fortalecer o quadro de efetivos da Polícia Federal e da PRF".

Além dos parlamentares, a Educafro, organização da sociedade civil voltada para educação, inclusão e diretos humanos, emitiu um comunicado em que diz que os policiais não levaram em consideração que Santos era esquizofrênico e "procederam de maneira inesperada e forte, com palavrões, truculência, violência física".

Em um comunicado endereçado ao diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e ao diretor de operações, Djairlon Henrique Moura, a entidade listou uma série de pedidos, entre eles: que a PRF se comprometa a reforçar a formação antirrascista da corporação; que os policiais rodoviários envolvidos sejam imediatamente afastados de suas funções até o fim das investigações da Corregedoria, e que Polícia Rodoviária Federal seja responsabilizada pelos incalculáveis danos causados à vítima e seus familiares, fazendo jus a uma considerável indenização.

A Educafro também pede que os policiais da PRF passem a adotar o uso de câmeras de monitoramento das atividades em seus uniformes, uma vez que o uso de tais equipamentos se mostrou eficaz na redução da letalidade policial onde está em vigor.

A entidade também fez questão de lembrar que a morte de Santos ocorreu exatamente dois anos após o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. Homem negro, ele foi sufocado por policiais enquanto dizia que não conseguia respirar.

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