Motoboys fazem protesto contra aumento de abordagens policiais em SP

Operações cresceram após morte de jovem por falso entregador; trabalhadores cobram cadastro para facilitar identificação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Grupos de motoboys de várias regiões da capital paulista fizeram protestos nesta sexta-feira (27). Entre outros, eles reclamam, entre outros, da rigidez de abordagens policiais intensificadas no início do mês com a Operação Sufoco, mega-ação contra roubos e furtos de celulares e contra golpes com Pix.

No início da tarde, cerca de 500 entregadores se concentraram em frente ao Masp (Museu de Artes de São Paulo), na avenida Paulista. Por volta as 17h30, eles pararam a marginal Pinheiros, na altura da ponte João Dias, sentido Interlagos, na zona sul.

A via, que ficou bloqueada por cerca de 30 minutos, só foi liberada após negociação com a Polícia Militar.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o índice de lentidão na cidade atingiu o pico de 244 km às 17h30, quando começou a paralisação da marginal. Foi o maior de toda a semana.

Antes, quatro entregadores protocolaram um documento com reivindicações no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, segundo lideranças do protesto.

Eles também pedem também aumento na remuneração pelos aplicativos de entrega e incentivos para regularização de entregadores.

O movimento foi organizado por grupos de WhatsApp, segundo Gerônimo Lima Gusmão, 30, que saiu de Itaquera, na zona leste, para participar do protesto.

A Operação Sufoco foi implantada depois do assassinato de Renan Silva Loureiro, 20, morto por um falso entregador na zona sul da cidade.

"Soubemos que pararam mais de 6.000 motoboys, o que é válido, entendemos a posição do governador [Rodrigo Garcia, do PSDB], que ficou triste com a morte daquele menino, mas só 340 estavam irregulares", disse Gusmão. "A maioria que está aqui sustenta família, levando delivery para dentro da casa das pessoas."

O motoboy disse que um entregador de seu grupo teve a moto apreendida pela polícia recentemente porque estava com o espelho retrovisor riscado.

Os entregadores que participaram do protesto querem incentivos para regularizar a situação de seus veículos. "Tem gente aqui que não tem dinheiro para consertar a moto."

Eles também defendem a criação de um cadastramento simplificado para os entregadores, com um número na mochila que estaria registrado na empresa para ajudar na identificação do trabalhador e evitar que seja confundido com um criminoso, por exemplo. "Se o entregador não tiver o número cadastrado ao ser parado pela polícia, aí, sim ele teria a moto apreendida", afirmou Gusmão.

Entregadores protestam na cidade de São Paulo contra supostos exageros em blitze policiais e por maior apoio de empresas de aplicativos
Entregadores protestam na cidade de São Paulo contra supostos exageros em blitze policiais e por maior apoio de empresas de aplicativos - Reprodução

Na quinta-feira, sindicato e outros representantes da categoria participaram de uma reunião com a Secretaria da Segurança Pública. Foi apresentada uma proposta semelhante, a de um cadastro provisório, com o número cadastrado e a placa da motocicleta registrado no baú —o sindicato dos motoboys é contra o uso de mochilas.

"O trabalhador não pode ser penalizado pela desobediência das empresas de aplicativos que distribuem mochilas sem critérios para pessoas não cadastradas", afirma Gilberto de Almeida, presidente do SindimotoSP.

O delegado Luís Francisco Segantin Junior, que conversou com o grupo na quinta-feira, confirmou que foi debatida a criação do cadastro.

Segundo a prefeitura, o Departamento de Transportes Públicos (DTP) tem atualmente 8.201 licenças na modalidade motofrete cadastradas. Mas de acordo com a CPI dos Aplicativos, da Câmara Municipal, cerca de 250 mil motofretistas trabalham sem regulamentação alguma na capital.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou nesta sexta-feira que é sensível aos pedidos dos trabalhadores com motocicleta, "mas que conta com a compreensão e com a colaboração com as blitze da Polícia Militar".

"Essa é uma das diversas ações lançadas no começo do mês para combater os crimes praticados por falsos entregadores. O objetivo da operação não é penalizar os trabalhadores, mas, pelo contrário, dar mais condições de segurança para o exercício da profissão e dar mais sensação de segurança para a população em geral", diz trecho da nota.

Segundo a pasta estadual, foram recuperadas nessas operações 130 motocicletas furtadas ou roubadas.

Na quinta, também em nota, a secretaria disse que a operação havia detido no estado mais de 2.600 pessoas suspeitas e apreendido 6.500 veículos, entre carros e motos, sendo que 402 tinham sido roubados ou furtados e acabaram recuperados. "No período, foram apreendidas, aproximadamente, 13,4 toneladas de drogas, 152 armas de fogo e 18 armas brancas."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.