Operação mira direção de empresa de ônibus e vereador de SP suspeitos de ligação com PCC

Senival Moura (PT) nega envolvimento com os casos investigados e afirma estar à disposição da Justiça

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo realiza na manhã desta quinta-feira (9) operação para apurar suposta participação do crime organizado no transporte urbano na capital paulista. Entre os alvos estão integrantes da direção da Transunião, que atua na zona leste.

De acordo com a polícia, entre os investigados também está o vereador Senival Moura (PT), suspeito com envolvimento na morte de um ex-presidente da cooperativa e, também, com suposto envolvimento em lavagem de dinheiro do PCC. Duas pessoas foram presas na operação.

Em nota, o vereador afirmou que se surpreendeu com a operação policial e negou envolvimento com os casos investigados. "Eu estou à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos, eu que sou formado em direito confio plenamente na Justiça e sou um defensor do Estado democrático de Direito", afirmou ele (leia abaixo a íntegra da nota).

A reportagem não conseguiu contato com a Transunião até a publicação desta reportagem. Assim que ela se manifestar, a reportagem será atualizada.

Dono da empresa de ônibus Transunião é morto a tiros em estacionamento em padaria da zona leste de SP em março de 2020 - Reprodução

​Endereços ligados ao presidente da Transunião são alvo de busca e apreensão. Dezoito veículos ligados a empresa estão sendo apreendidos.

A polícia afirma que a investigação também apura lavagem de dinheiro e organização criminosa, relacionados ao envolvimento do crime organizado com a direção da empresa Transunião. A ação acontece na capital e no município de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

A ação é coordenada pelo Deic (departamento especializado em combate ao crime organizado), que cumpre oito mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão.

As investigações, de acordo com o Deic, tiveram início após o assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-presidente da Transunião, em 4 de março de 2020. A apuração levantou o envolvimento do crime organizado com a empresa.

A vítima, sempre segundo a polícia, era uma espécie de "testa de ferro" do vereador Senival Moura na direção da empresa, "que era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital)". "O próprio vereador era proprietário de 13 ônibus que prestavam serviços para a empresa, que tem contrato com a prefeitura da capital no valor de R$ 100 milhões anuais", diz trecho de nota da polícia.

Para a polícia, o ex-presidente não estaria realizando o repasse de valores devidos aos membros do PCC, motivo pelo qual foi desligado da empresa e teve "decretado" contra ele ordem de morte pela organização criminosa.


Nota do vereador Senival Moura

"Eu, vereador Senival Moura, venho me manifestar através desta nota pública sobre os acontecimentos noticiados em todos os meios de comunicação hoje.

Antes de comentar sobre os fatos ocorridos no dia de hoje quero reafirmar a minha história de atuação, liderança e organização do transporte alternativo na cidade de São Paulo, da qual tenho muito orgulho disso.

Sobre o Adauto Jorge Soares, sinto até hoje essa perda, principalmente pela forma cruel e violenta que foi.

Adauto junto comigo e vários outros companheiros lutamos pela regulamentação do transporte coletivo na cidade de São Paulo. Entre o início da operação clandestina e a transformação em empresas passaram-se 30 anos.

Portanto, Adauto era um companheiro de luta, trabalhador e meu amigo.

Vale ressaltar que no momento da morte do Adauto, nem eu e nem ele tínhamos mais qualquer vínculo com a empresa Transunião S/A.

Essa manhã fui surpreendido por uma operação policial em minha casa, mas quero aqui reafirmar que eu não tenho nenhum envolvimento com as ações que estão sendo noticiadas. Entretanto eu estou à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos, eu que sou formado em direito confio plenamente na Justiça e sou um defensor do Estado democrático de Direito.

Por fim, passarei por esse momento com a mesma serenidade, tranquilidade e consciência tranquila que sempre nortearam a minha vida."

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