Descrição de chapéu cracolândia

Presença de usuários no centro de SP está mais dinâmica, diz secretário responsável pela cracolândia

Alexis Vargas reconhece que situação piorou para quem mora próximo à nova cracolândia

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São Paulo

A concentração de usuários de drogas no centro de São Paulo está mais dinâmica e dispersa, afirma o secretário-executivo de Projetos Estratégicos do município, Alexis Vargas —na prática, a pessoa responsável por comandar as ações da prefeitura na cracolândia.

Para ele, as recentes ações feitas pela gestões municipal e estadual já começaram a dar um contorno diferente para a região. Exemplo disso, diz o secretário, é que não há mais grandes fluxos (como é chamada a concentração de usuários) como os que antes eram vistos nas praças Júlio Prestes e Princesa Isabel.

Apesar disso, Vargas afirma que é cedo para dizer que a cracolândia acabou, já que ainda é possível notar o tráfico atuando e pessoas consumindo drogas em pontos distintos do centro. "De manhã está de um jeito, à tarde está de outro, tem um dia que [os usuários] estavam em um lugar, já não estão mais, está muito dinâmico", diz em entrevista para a Folha.

Operação policial na rua Helvétia, atual endereço da cracolândia - Danilo Verpa - 27.mai.22/Folhapress

A principal responsável por essa movimentação são as ações policiais realizadas na praça Princesa Isabel e, mais recentemente, na rua Helvétia —atual endereço da cracolândia. Na visão de Vargas, essas operações, que contam com o apoio da prefeitura, tem feito os dependentes químicos migrarem de um ponto ao outro do centro em busca da droga, que estaria em falta em determinados locais da região.

Tanto a prefeitura como o governo estadual já afirmaram que a descentralização da cracolândia é benéfica para o tratamento de dependentes químicos, que aceitariam melhor a abordagem dos agentes de saúde quando estão longe dos traficantes.

"A polícia já deu um tremendo avanço em relação ao tráfico e isso está permitindo a gente dar um avanço significativo em relação ao tratamento, e cada vez mais está ficando menos gente na rua usando droga. É uma estratégia que tem dado certo", afirmou o secretário sobre as ações em conjunto.

"Na hora da comida, eles vão para o lugar onde tem a comida. Isso tudo não tem mais nada a ver com o que era aquele grande mercado de atacado de venda de droga, que era a cracolândia ali na praça do Cachimbo [no entorno da praça Júlio Prestes]. Nós já estamos em uma situação completamente diferente".

Vargas confirma ainda que a principal concentração de usuários de droga no centro atualmente está na rua Helvétia entre a Avenida São João e a rua Barão de Campinas, no bairro dos Campos Elíseos. Cerca de 250 pessoas estão atualmente na via, interrompendo inclusive o trânsito no local.

Além disso, há uma segunda concentração, um pouco menor, no cruzamento das ruas do Triunfo e dos Gusmões, em Santa Ifigênia.

"A gente só tem essa concentração com um número razoável de pessoas. A outra, ali nas Gusmões, junta umas 100 pessoas, bem mais modesta. E, a partir daí, coisas abaixo de 30, 40 pessoas, nada além disso, que são grupos que estão uma hora num lugar, outra hora em outro, circulando".

No dia 11 de maio, uma ação da polícia expulsou os usuários da praça Princesa Isabel e nos dias seguintes eles formaram uma nova concentração na Helvétia. Com isso, a prefeitura instalou em um terreno na rua que fica nos fundos e do 77° DP (Santa Cecília) uma unidade emergencial do Siat (Serviço Integrado de Assistência Terapêutica), que visa oferecer atendimento aos dependentes químicos.

A presença dos usuários ali tem tirado o sono dos moradores da via e do entorno, que já realizaram diversos protestos —um deles bloqueou o elevado Presidente João Goulart (o Minhocão).

Até mesmo o prefeito Ricardo Nunes (MDB) já foi até o local para ouvir as reclamações. Entre outros problemas, os moradores afirmam que houve um aumento nos furtos e roubos depois da mudança da cracolândia para as proximidades, além do aumento do barulho durante a noite.

Vargas diz se reunir com frequência com os moradores para ouvir as queixas e tentar minimizar os impactos sofridos. Entre as ações já realizadas estão a troca de lâmpadas nos postes, a poda de árvores, o aumento da limpeza da rua e a instalação de banheiro químicos.

"É evidente que na porta da casa deles piorou, isso a gente sabe, mas mostrar para eles como a situação está muito melhor. Que a maior concentração que a gente tem, que é aquela ali, está girando em torno de 250 pessoas. Isso é um número muito baixo comparado com o histórico da cracolândia que, em 2016, tinha 4.000 pessoas", detalhou Vargas.

O secretário afirma ainda que a prefeitura pretende adquirir câmeras de monitoramento para instalar na região onde estão os usuários de drogas —como a Folha já tinha antecipado durante uma ação em 27 de maio,

"Está em estudo a instalação de câmeras não só ali naquela rua, mas em toda a região ali, incluindo a praça Princesa Isabel, para a gente monitorar melhor as concentrações", afirma ele. "Não é uma coisa específica da rua Helvétia. É uma estratégia para o território todo", acrescentou.

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