Descrição de chapéu Obituário Octavio de Castro Moreno Filho (1944 - 2022)

Mortes: Artista plástico, fez esculturas para santos e orixás

Tatti Moreno é autor das esculturas dos orixás flutuantes do Dique do Tororó, em Salvador

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São Paulo

O artista plástico Octavio de Castro Moreno Filho, conhecido como Tatti Moreno, passou a vida criando esculturas e representar santos católicos, orixás e figuras abstratas.

​É ele que assina a autoria das 12 esculturas que representam as divindades das religiões de matrizes africanas dispostas no Dique do Tororó, em Salvador, um dos cartões-postais da cidade.

Com cerca de sete metros de altura, as imagens flutuantes, dispostas no olho d'água, representam Oxum, Iemanjá, Xangô, Nanã, Iansã, Oxalá, Ogum e Oxóssi. Outras quatro encontram-se ao redor do dique e fazem referência a Exu, Oxumaré, Ogundelê e Ossanha.

Octavio de Castro Moreno Filho (1944 - 2022) - Mathilde Missioneiro - 10.set.2019/Folhapress

Ele era católico, mas frequentava terreiros como espectador e usava o seu lado artístico para representar a religiosidade do país. "Da mesma maneira que ele fazia os cristos, os santos católicos, ele fazia os orixás", afirma a viúva, Gisele Fraga.

O artista também é autor da escultura dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, no bairro do Rio Vermelho, também na capital baiana.

"Era um lugar que Jorge Amado sentava para admirar o mar no fim da tarde, por isso, Tatti escolheu aquele lugar para fazer a homenagem. Eles eram muito amigos", afirma Fraga.

Além dessas obras, o artista plástico tem outras espalhadas pelo país, incluindo no no Lago Paranoá, em Brasília. "São esculturas menores que, inclusive, estão sempre sendo depredadas", afirma Fraga.

Ele fez também obras monumentais, como a que está em frente ao Museu da Gente Sergipana, em Aracaju, que representa figuras do folclore local.

Em São Paulo, no jardim da estação do Metrô Tucuruvi, Tatti Moreno assina uma obra abstrata que faz alusão ao tridente de Exu, com três pontas apontadas para o céu.

Nascido em Salvador, Tatti Moreno era autodidata e começou a esculpir aos 12 anos, produzindo bonecos de arame, cola e sucata.

Já adulto, ele trabalhou em um banco antes de se dedicar totalmente à vida artística. Por volta dos 20 anos, estudou na Escola de Belas Artes da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e teve entre seus professores o artista Mário Cravo Júnior.

Depois disso, passou a esculpir em latão, aço inoxidável e alumínio. "Ele misturava um pouco de tudo e chegou a fazer instrumentos musicais em madeira também", lembra a viúva.

Sua última obra, que só deve ser inaugurada no próximo mês, foi uma escultura em homenagem aos mortos pela Covid, que está disposta na praça onde fica o Mercado Modelo, em Salvador.

"É uma escultura geométrica em aço corten e simboliza as asas do morcego e a terra saindo vitoriosa desta pandemia e da ameaça do vírus", afirma Fraga

No último dia 13 de julho, Tatti Moreno morreu, aos 77 anos, em decorrência de um câncer. Ele deixa a mulher, três filhos —André, Gustavo e Paula— e três irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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