O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante na madrugada desta segunda-feira (11) pelo estupro de uma paciente que estava dopada e passava por uma cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, município na Baixada Fluminense.
O que aconteceu
Em imagens obtidas pela TV Globo e depois confirmadas pela Folha, uma paciente aparece deitada em uma maca, inconsciente. Um lençol estendido sobre duas barras de ferro separa os demais médicos, que fazem a cesariana, do anestesista Giovanni Bezerra, que está em pé próximo à cabeça da mulher.
Em determinado momento, o anestesista retira o pênis de dentro da calça e o coloca na boca da paciente, enquanto olha para os lados seguidas vezes. A violência se estende por cerca de dez minutos. Ao fim, o anestesista limpa com um lenço o rosto da vítima e o próprio pênis.
A prisão foi realizada pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti. Em imagem veiculada pela TV Globo, o médico manifesta surpresa quando a delegada anuncia sua prisão pelo crime de estupro.
Como foi descoberto
A prisão realizada pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti, ocorreu graças a um vídeo feito por funcionários do hospital. Segundo a polícia, desconfiadas da postura do médico, enfermeiras do hospital decidiram usar um celular para registrar o que ele fazia durante as cirurgias.
Os frascos do sedativo usado na cesariana foram apreendidos, e funcionários do hospital prestaram depoimento na delegacia. As investigações continuam para apurar outras possíveis condutas criminosas do médico.
Há mais vítimas?
Até o momento, uma outra mulher, de 23 anos, se apresentou na Delegacia de Atendimento à Mulher de São João Meriti, na Baixada Fluminense, para testemunhar contra Giovanni Quintella Bezerra.
Segundo declarações à polícia, essa mulher também teria sido vítima de estupro durante uma cesariana no mesmo hospital, em 6 de julho. A paciente teria saído dopada do procedimento e só teria acordado no dia seguinte. Uma substância branca desconhecida teria sido encontrada no pescoço da mulher. Ao assistir notícias, nesta segunda, sobre a denúncia contra Giovanni Quintella Bezerra, a mãe da paciente concluiu que a filha também havia sido vítima de estupro.
A mãe da paciente afirmou ainda que Bezerra chegou a passar na sala de cirurgia após a cesariana e agiu normalmente. O marido da paciente não foi autorizado a acompanhar a cirurgia.
Os filhos gêmeos da paciente nasceram prematuros. Um morreu e foi enterrado no domingo (10) e o outro está na UTI neonatal.
Segundo a delegada do caso, Barbara Lomba, ainda é necessário olhar o prontuário médico "ver por que [houve] a sedação, verificar qual era a equipe presente e quais procedimentos ele [o anestesista] adotou".
Quem é o anestesista?
A Secretaria de Estado de Saúde afirma, em nota, que Giovanni Bezerra não é servidor do estado. A secretaria afirma que o anestesista prestava serviço há seis meses, como pessoa jurídica, para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas.
O Hospital da Mulher Heloneida Studart afirma ter aberto uma sindicância interna para tomar as medidas administrativas e notificou o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro).
O Cremerj, por sua vez, diz que, pela gravidade do caso, abriu procedimento cautelar para a imediata suspensão do médico anestesista. Também foi instaurado um processo ético-profissional, que poderá resultar na cassação do médico.
A Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro emitiu nota de repúdio sobre o caso e afirmou que Giovanni Quintella Bezerra não faz parte do quadro de membros ativos da associação.
O que pode acontecer com o anestesista?
Além da possibilidade de ter o registro profissional cassado, o anestesista Giovanni Bezerra foi preso em flagrante no hospital e indiciado por estupro de vulnerável, crime cuja pena que varia de 8 a 15 anos de prisão.
Em nota, o advogado Hugo Novais, que defende o anestesista, disse que se manifestará sobre a acusação após ter acesso aos depoimentos e a outros elementos de prova.
Nesta terça (12), após a audiência de custódia, a Justiça decidirá se a prisão em flagrante será convertida em preventiva.
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