Censo perde 6.550 recenseadores em meio a ameaças de greve

IBGE diz que rescisões estão dentro do previsto e não trazem riscos para pesquisa

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Rio de Janeiro

Em menos de um mês de pesquisa, 6.550 recenseadores deixaram de trabalhar nas operações do Censo Demográfico 2022, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As rescisões dos contratos temporários ocorrem em um cenário de reclamações e ameaças de greve de parte dos agentes. As queixas estão associadas à demora na liberação de pagamentos, entre outros motivos.

O IBGE afirma que a quantidade de desistências está dentro do previsto e não oferece riscos ao andamento da pesquisa.

Recenseadores percorrem ruas na Vila Clementino, em São Paulo - Rubens Cavallari - 18.ago.2022/Folhapress

Os recenseadores começaram a realizar as entrevistas do Censo em 1º de agosto. A meta do instituto é visitar cerca de 75 milhões de domicílios espalhados pelo país até o final de outubro.

Recenseadores se queixam de atrasos na liberação de uma ajuda de custo pela participação em atividades de treinamento. Também há críticas por supostas pendências no pagamento pelo trabalho em setores censitários onde as entrevistas já teriam sido concluídas.

Os salários da categoria são variáveis —dependem da produção individual. É possível simular a remuneração no site do Censo 2022.

Um grupo identificado como União dos Recenseadores convocou uma manifestação em frente ao prédio do IBGE em Salvador, na Bahia, na sexta-feira (26).

Materiais que chamam os profissionais para greves na próxima semana, em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, também passaram a circular nas redes sociais.

Pelo planejamento divulgado pelo IBGE, a expectativa é alcançar em torno de 183 mil recenseadores ao longo da pesquisa.

Segundo o instituto, cerca de 160 mil já foram contratados. Em torno de 10 mil estão em treinamento, diz o órgão.

Ainda de acordo com o IBGE, Sul, Sudeste e Centro-Oeste são as regiões com as maiores dificuldades para o avanço da coleta das informações.

"São regiões historicamente com taxas de desemprego menores, portanto, sem as totalidades de recenseadores desejadas", disse o órgão ao ser questionado sobre o assunto.

"Outro problema histórico são os casos de recusas de moradores em responder ao Censo, principalmente nos condomínios de alta renda ou de luxo", acrescentou.

O IBGE ainda não informou quantos domicílios já foram visitados no país desde 1º de agosto. A divulgação desses dados deve ocorrer na próxima semana.

Na terça-feira (23), o instituto voltou a pedir desculpas pela demora na liberação de pagamentos a recenseadores. A manifestação foi feita nas redes sociais, espaço em que o órgão vem recebendo queixas de usuários.

"O IBGE reconhece e pede desculpas pela demora na liberação do pagamento do trabalho de coleta dos recenseadores. O instituto informa que está comprometido em reduzir esses prazos", afirmou na ocasião.

O texto não detalhou quantos profissionais são afetados pelos atrasos.

"Em relação aos pagamentos solicitados, até dia 18/08 [quinta-feira], referentes a ajuda de locomoção e diárias, já foram regularizados. Sobre os pagamentos de ajuda de treinamento, há ainda algumas demandas residuais que estão sendo resolvidas caso a caso pelo IBGE em suas respectivas unidades estaduais", completou o texto na terça.

O Censo, que costuma ser realizado de dez em dez anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira. As informações servem como base para políticas públicas.

A edição mais recente ocorreu em 2010. A nova pesquisa seria em 2020, mas foi adiada com as restrições provocadas pela pandemia de Covid-19.

Em 2021, o levantamento foi travado pela segunda vez. O que impediu o trabalho à época foi o corte na verba prevista pelo governo federal.

Para a realização do estudo em 2022, o IBGE conta com um orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões, liberado pelo governo federal após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.

O diretor de pesquisas do instituto, Cimar Azeredo, disse em 1º de agosto que estava confiante com a possibilidade de o órgão ter à disposição recursos complementares, caso a recomposição fosse necessária.

Questionado, o IBGE voltou a indicar que o orçamento liberado é suficiente para a realização do trabalho.

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