Descrição de chapéu Obituário Geraldo Alves Martins (1921 - 2022)

Mortes: Centenário, foi um dos taxistas mais velhos do mundo

Geraldo dirigiu seu táxi pelas ruas de São Paulo por quase oito décadas

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São Paulo

Geraldo Alves Martins despediu-se da profissão de taxista em outubro de 2021. Mesmo contrariado, seguiu o conselho dos filhos após sofrer um acidente de carro —saiu sem ferimentos, mas o veículo deu perda total.

Foram quase oito décadas dirigindo carros. Sua primeira habilitação data de 13 de fevereiro de 1941 e a última venceria em 31 de janeiro de 2023.

Geraldo morreu dia 2 de agosto, aos 100 anos, devido a complicações causadas por uma bactéria contraída após uma cirurgia.

Geraldo Alves Martins (1921-2022)
Geraldo Alves Martins (1921-2022) - Arquivo pessoal

O primeiro táxi de Geraldo foi um Chevrolet 37 e o último, um Classic (GM). No intervalo, ele acompanhou a evolução automobilística. Teve Fusca, Corcel e Passat, entre outros.

Geraldo nasceu em Capão Bonito (a 230 km de São Paulo). Viveu no interior até os 16 anos, quando mudou com o irmão para a capital paulista. O primeiro emprego foi como mecânico de uma empresa. Na época, a pedido do patrão, tirou carta e começou a dirigir ônibus.

Ele começou a trabalhar com táxis no início da década de 1940, num ponto da rua Tabapuã, no Itaim Bibi (zona sul). Passou a maior parte da vida profissional em um ponto no aeroporto de Congonhas, antes de encerrar a carreira no ponto do Shopping D, no Canindé (zona norte).

O filho Geraldo Alves Martins Filho, 71, que também é taxista, conta que o pai sempre se orgulhou da profissão e seguiu trabalhando nas ruas mesmo quando decidiu abrir um restaurante.

Geraldo também transportou personalidades como os políticos Ademar de Barros, Jânio Quadros, e Fernando Henrique Cardoso; os cantores Elza Soares, Alcione e Tim Maia; e os atores Lima Duarte e Antônio Fagundes.

Geraldo trabalhava de segunda a segunda. Não queria folgas, exceto em datas como o Dia dos Pais e os aniversários de familiares. Nos últimos anos, concordou em diminuir a carga horária, das 9h às 18h.

O vereador Adilson Amadeu (União Brasil) o homenageou em suas redes sociais. "Exemplo de dedicação e profissionalismo, seu Geraldo carregava consigo as histórias e as transformações de nossa cidade e da sua profissão. Foram mais de sete décadas transportando passageiros, sempre com a simpatia que lhe marcou em vida", escreveu.

"O Guiness Book já havia feito o levantamento e estava em processo de reconhecer meu pai como o taxista mais antigo em atividade no mundo. Era a surpresa que estávamos preparando para ele", conta o filho.

Geraldo deixa a esposa Maria de Lourdes Martins, 90, com quem estava casado há 74 anos, três filhos, cinco netos e um bisneto. "Meu pai foi um homem de paz. Nem discutia. Foi honesto, bom caráter e nos mostrou a importância da família e das amizades", afirma Geraldo Filho.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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